Com a eleição de Fernando Haddad para a prefeitura de
São Paulo – no cenário provável de confirmação das pesquisas – o ex-presidente
Lula reafirmará sua liderança pessoal no PT e sua influência na condução
política do governo de Dilma Rousseff; avançará no projeto de conquista do
governo paulista, a ser reforça-do, ou não, pelos resultados de outras disputas
esta-duais no 2º turno, sobretudo a de Campinas; e com-pensará as importantes
derrotas do lulismo e do Palácio do Planalto em Belo Horizonte e no Recife,
com provável repetição domingo próximo em várias capitais do Norte e do
Nordeste. Assim, diluindo o forte desgaste que, sem a vitória paulistana, ele
sofreria com o fracasso da imposição de escolhas pessoais, como a de Haddad,
que fez de candidatos do PT para disputas no Recife, em Teresina e em várias
cidades. Outra compensação dessas derrotas está sendo o aumento da votação do
PT no conjunto do pleito municipal (à frente das do PMDB e do PSDB), bem como
do número de prefeituras de municípios do interior que o partido ganhou no 1º
turno, além de algumas de maior porte que ganhará no turno final.
Quanto ao golpe que Lula desferirá no PSDB com uma
vitória de Fernando Haddad e com o crescimento do PT no estado de São Paulo,
seu objetivo direto é preparar o enfrentamento da candidatura à reeleição do
governador Geraldo Alckmin. Para a conquista do governo paulista (um dos dois
baluartes da oposição, SP e Minas), que facilitaria a fragilização da
candidatura presidencial do tucano Aécio Neves. Mas Alckmin manteve no 1º
turno, com a perspectiva de preservação no 2º, peças básicas do seu sistema de
apoio, liderado pelo PSDB.
Por outro lado, a precariedade do desempenho do PT e de
suas alianças em disputas referenciais do Norte e do Nordeste (somada à
derrota no pleito de Belo Horizonte), que tende a ser repetida no 2º turno,
aponta para uma redução do desequilíbrio político entre as forças governistas
e oposicionistas no próximo pleito presidencial. A oposição recuperou
competitividade em Manaus, Belém, Teresina, Salvador, podendo nelas vencer as
disputas finais; e participou da derrota do PT no Recife, sendo parte da
coligação antipetista em Fortaleza agora; além de ter ganho as prefeituras de
Maceió e de Aracajú.
PSD. Governismo
troca acerto com PSB por fusão com o PP
Mesmo ainda participando do 2º turno da campanha
oposicionista de José Serra, o principal dirigente do PSD, Gilberto Kassab, tem
dado passos no sentido de fusão da legenda com o PP, que começaria com a
montagem de um novo bloco de apoio ao governo Dilma. A imprensa vem registrando
que as articulações de Kassab com essa finalidade são feitas com segmentos do
PP não alinhados ao presidente Francisco Dornelles, como o senador Caio
Nogueira e o deputado Paulo Maluf. Tal bloco, se constituído, teria uma
bancada na Câmara equivalente à do PMDB, o que qualificaria o novo partido a ocupar
vários ministérios, além de propiciar-lhe tempo de televisão e repasse do
Fundo Partidário bem maiores os das atuais legendas. Essas articulações deixam
para trás, ou anulam, o plano inicial do PSD anunciado por Kassab (ao romper
com o DEM) de um relacionamento estreito com o PSB do governador Eduardo
Campos, visando aos objetivos, articulados ou alternativos, de integração
diferenciada (em relação ao PT e ao PMDB), à base governista, ou
preparo de uma terceira via na política nacional.
O descarte daquele relacionamento começou a
manifestar-se na desigualdade de posturas dos dois partidos nas eleições
municipais. Da parte do PSB, o confronto com os petistas em disputas
importantes como as de Belo Horizonte, do Recife, de Fortaleza, de Campinas, no
1º turno, e no 2º também nas de Manaus e Uberaba, em vá-rios casos por meio de
aliança com o PSDB. E da parte do PSD de Kassab – com exceção do pleito
paulistano, em face de antigo compromisso pessoal dele com José Serra
–composições predominantes com candidaturas do PT, bem exemplificadas pelos
apoios a Patrus Ananias em BH (que só não se formalizou por causa de veto da
Justiça Eleitoral), em Salvador, em Manaus, no estado de São Paulo (em grandes
cidades do interior e da Região Metropolitana, como Santo André). Apoios
acertados com o Palácio do Planalto e com o próprio ex-presidente Lula.
Jarbas de Holanda é jornalista
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