Dilma Rousseff confirmou ontem, ao vice-presidente Michel Temer, que eles
repetirão em 2014 a dobradinha vitoriosa das últimas eleições presidenciais. O anúncio
foi feito para apagar o constrangimento provocado pelo prefeito reeleito do
Rio, Eduardo Paes (PMDB), que lançou o nome do governador do estado, Sérgio
Cabral (PMDB), como o sucessor de Temer na chapa presidencial. “Ela reafirmou a
toda hora: ‘Estamos juntos, vamos fazer campanha juntos’. Mas não foi a título
de desagravo, não sei”, declarou o vice-presidente, após a conversa privada com
Dilma.
Além da declaração desastrada de Paes, o gesto da presidente foi identificado
como um ato extremamente político, já que também se contrapõe às “insinuações
de Eduardo Campos (PSB)” de que poderá ser um dos players nas eleições daqui a
dois anos. O governador de Pernambuco é apresentado como um dos possíveis
presidenciáveis ou como uma das opções para vice se Dilma resolvesse romper a
aliança com o PMDB.
Segundo o vice-presidente, a reunião no Palácio do Planalto serviu para ser
feita uma “análise geral” do segundo turno e a necessidade de intensificar a
parceria entre PT e PMDB daqui para frente. “Foi muito a ideia de ‘olha, Temer,
vamos participar cada vez mais, vamos ter um bom governo nesses dois anos’”,
comentou o vice-presidente.
As declarações do prefeito carioca foram vistas pelo Planalto como uma
tentativa de “aparecer”. Segundo interlocutores da presidente Dilma, Paes foi
reeleito em primeiro turno com mais de 70% dos votos, mas, para a irritação dos
peemedebistas, a mídia só fala de Fernando Haddad (PT), Eduardo Campos (PSB) e
Aécio Neves (PSDB).
Nem mesmo a enorme quantidade de votos recebidos pelo PMDB fluminense comoveu o
grupo do vice-presidente Michel Temer. “Eles têm votos, nós temos o tempo de
televisão de que a presidente precisa”, disse um aliado de Temer, que ainda
questionou o bom resultado de Paes: “O PMDB ligado a Sérgio Cabral tinha 33
prefeituras no estado, elegeu 22 no primeiro turno. Nós tínhamos 70 e poderemos
chegar a 90 em São Paulo”. O peemedebista também fustigou o correligionário
fluminense. “Ainda o ajudamos quando ele precisou de nós na CPI do Cachoeira”,
afirmou, lembrando que Cabral quase foi convocado por sua relação com Fernando
Cavendish, dono da Delta Construções, acusada de participar do esquema do
bicheiro Carlinhos Cachoeira. (PTL
e JB)
Fonte: Correio Braziliense
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