Lisandra Paraguassu, Antonio Pita
BRASÍLIA, RIO - O vice-presidente Michel Temer diz ter ouvido da própria
presidente Dilma Rousseff que não há planos para trocá-lo por qualquer outro
nome em uma eventual candidatura à reeleição em 2014. Depois de ver o prefeito
do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, falar por duas vezes no início dessa semana
que o governador do Estado, Sérgio Cabral, deveria ser o vice no seu lugar,
Temer foi chamado ontem para uma audiência com a presidente e garante ter
escutado que sua intenção é manter tudo como está.
"Ela reafirma toda hora: "Estamos juntos, vamos fazer campanha
juntos"", disse o vice-presidente logo depois da audiência,em uma
rápida conversa com jornalistas em um corredor do Palácio do Palácio do
Planalto.
Perguntado se a audiência com a presidente seria uma forma de desagravo
pelas declarações de Paes, Temer disse primeiro não acreditar nisso, mas
reformulou. "Não sei. Pode ter ocorrido a ela chamar exatamente no dia em
função disso, até porque essa questão do Rio de Janeiro está solucionada. Não
tem nenhum problema", afirmou.
Temer afirmou que a audiência serviu para os dois fazerem uma análise da
campanha neste segundo turno e das atividades que virão e tratar também do
próprio governo. "Fizemos uma análise geral apenas e a ideia de fazermos
um bom governo, continuar fazendo um bom governo. Então foi muito a ideia de
"Olha, Temer, vamos participar cada vez mais, vamos ter um bom governo nesses
dois anos". Que é isso que, na verdade, repercute bem na opinião
pública." Segundo o vice-presidente, as conversas entre os dois serão mais
regulares daqui para a frente.
O vice-presidente também confirmou a ida de Dilma ao comício de Haddad no
próximo sábado, afirmando que estará junto, assim como o candidato derrotado do
PMDB à prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita. Mas garante que uma possível
vinda de Chalita para o ministério de Dilma não foi assunto no encontro. O
xadrez de realocação de ministros ainda não está fechado.
Mais negativas. Ainda sobre a polêmica a respeito do candidato a vice de
Dilma na eleição presidencial de 2014, o próprio Cabral negou ontem que tenha
intenção de concorrer ao cargo.
Para amenizar a situação, Cabral elogiou a conduta de Temer no cargo,
considerada "de elegância e parceria, participação e discrição".
Segundo o governador, Temer é um "grande jurista", e um
"exemplo" de condução do cargo. "Ele é um homem com enorme
experiência política. Ele foi presidente da Câmara por seis mandatos é um elo
importante com o parlamento brasileiro e tem cumprido com muita eficiência e
competência essa combinação", afirmou Cabral.
"Foi um gesto de gentileza do prefeito Eduardo Paes e do vice
governador Pezão, mas não tenho menor interesse de disputar esse cargo, está
muito bem entregue a Michel Temer, é um grande brasileiro e tem feito um
trabalho extraordinário", afirmou o governador, citando seu vice, que
também afirmou que ele seria um bom nome para Dilma em 2014.
Com a saída antecipada de Cabral, o atual vice-governador Pezão ganharia
visibilidade para se candidatar à sucessão no Estado, que também será em 2014.
Até o fim. Em visita à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Vidigal
nesta manhã, o governador negou que pretenda deixar o cargo antes do final do
mandato. "Com todo respeito ao cargo de ministro, governador do Rio é de
uma importância fundamental. Tenho que respeitar os mais de 5 milhões de votos
do primeiro turno que me elegeram em 2010".
Fonte: O Estado de S. Paulo
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