Ex-presidente afirma que Aécio precisa "dar a cara para bater" e
pede a tucanos projeto alternativo para o Brasil
Sergio Fadul, Diana Fernandes
Rumo a 2014
BRASÍLIA - Dez anos após deixar o Palácio do Planalto e de ter presenciado
neste período vários episódios em que o PSDB refugou seu papel de principal
partido de oposição, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reconhece que
falta aos tucanos um projeto alternativo para oferecer à população. Ao assumir
o papel informal de formulador de políticas e ideias para o partido, ele traça
como missão imediata atacar as mazelas da gestão atual, principalmente os
desvios éticos; entender o que as novas camadas da sociedade querem; e
apresentar uma proposta que atenda essas demandas, com qualidade. Alerta,
porém, que é preciso fazer política com "coragem e convicção", sem
cometer erros do passado - numa referência indireta à negação por aliados das
políticas de seu governo.
Para o ex-presidente, este é o momento para o PSDB lançar uma ofensiva para
tentar voltar ao poder e sugere que o senador mineiro Aécio Neves, escolhido
pelo partido para a disputa presidencial de 2014, comece imediatamente um
roteiro de viagens pelo Brasil real e se assuma candidato.
- Vivemos hoje um outro Brasil, em que já se tem quantidade, mas não tem
qualidade. Temos escola para todos, mas a qualidade da Educação é precária.
Temos acesso ao SUS, segurança pública, mas esses serviços são precários, e
temos novas camadas sociais ansiando por novos e melhores serviços. O partido
tem que conhecer, chegar nessas camadas e saber o que querem, tomar
conhecimento dessa nova realidade, e apresentar nossa proposta. A oposição tem
que entrar na briga de ideias, causas e críticas. O nome já temos, e tem que
ser mostrado já. O projeto é que temos que construir, ouvindo o povo - disse
Fernando Henrique, antes de participar do evento de ontem do PSDB com prefeitos
eleitos.
Ele cobrou uma postura mais agressiva de Aécio Neves:
- Ele próprio (Aécio) tem que se lançar como o candidato do PSDB, o momento
é agora. E para chegar a 100, 120 milhões de eleitores, tem que entrar em bola dividida.
Vai desgastar? Mas em política ou você dá a cara para bater e bate na cara do
outro ou você não faz nada. Aplauso você tem depois que ganha. Até ganhar é
lágrima e suor. Então, tem que entrar na briga. E mais, tem que ter convicção.
Se não tem convicção... se eu for esperar ficar tudo calminho para eu entrar...
aí não adianta nada.
Fonte: O Globo
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