Governador de Pernambuco critica política econômica e diz que consumo
"por si só" não é suficiente para vencer crise
Presidenciável diz entretanto que não é hora de "eleitoralizar"
debate, mas de auxiliar presidente na agenda
SÃO PAULO - Apontado como presidenciável, o governador Eduardo Campos
(PSB-PE) fez duras críticas à política econômica da presidente Dilma Rousseff
(PT). Em palestra a empresários, disse ontem que falta "rumo
estratégico" às medidas do governo para combater a crise financeira
internacional e levar o país a uma agenda de crescimento.
Campos falou em evento promovido pelo jornal "Valor Econômico". O
prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o prefeito do Rio de
Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) também participaram do seminário "Novos
ventos da política brasileira".
"O fato é que nós estamos no século 21 com uma pauta do século 20,
metidos numa grande crise tentando sair", afirmou. "Sabemos do
esforço que a presidente Dilma tem feito de tomar decisões sobre assuntos os
mais variados. (...) Mas o fato é que vamos terminar o segundo ano com um
crescimento muito aquém do que desejávamos", disse Campos.
Ele afirmou que o estímulo do consumo, "por si só", "não é
suficiente" para alavancar o crescimento e defendeu a descentralização de
recursos da União.
"Temos que ganhar esse momento na perspectiva do rumo estratégico. E
esse estratégico, às vezes, parece ao país que ele está faltando."
Campos é presidente de sua sigla, o PSB. Internamente, sua candidatura à
Presidência em 2014 é tratada como certeza. Ele, no entanto, disse ontem que
não é tempo de "eleitoralizar" o debate. Hoje, é base do governo.
Durante o evento, o governador disse que em "ciclos" anteriores
"lideranças" políticas foram decisivas para inserir o país em agendas
estratégicas, e fez referência aos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e
Luiz Inácio Lula da Silva.
"Quando o Brasil decidiu por fim ao ciclo inflacionário (...) houve
lideranças que souberam expressar esse entendimento. (...) Na hora em que o
Brasil viu que com 50 milhões de pessoas na miséria não ia a canto nenhum e que
isso era não só política social, mas sobretudo uma política econômica, tivemos
esse consenso construído."
Para ele, o momento atual se assemelha a esses anteriores. "Tem que ter
estratégia na condução dessa travessia. Se errarmos, vamos ter um ano de 2013
que não será à altura que o Brasil espera."
Ele concluiu dizendo que o país escolheu "ousar" nas eleições
municipais e que cabe aos "novos ventos" "cuidar da nova pauta
do Brasil".
Fonte: Folha de S. Paulo
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