João Domingos
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou um seminário para
prefeitos tucanos, realizado em Brasília, para dizer que o PSDB precisa, a
partir de agora, escutar o povo, saber o que querem as mulheres, a juventude,
os grupos marginalizados, os negros e mulatos. "É preciso nos basear muito
nos que têm mais energia, nos excluídos. Olhar com muita visão uma nova agenda.
Temos de descobrir para onde vai o mundo", disse ele, logo depois de
lançar a candidatura do senador Aécio Neves (MG) à Presidência da República em
2014.
Para Fernando Henrique, o PSDB não pode ter medo de dizer que a carga de
impostos está elevada. "Não dá para fazer o que está sendo feito, baixar
imposto para privilegiar grupos. Baixam o IPI das empresas de automóveis -
todas elas estrangeiras - e deixam os prefeitos com as cidades entupidas de
carros", criticou.
"Até a meta de inflação, a Lei de Responsabilidade Fiscal e câmbio
flutuante estão deixando para trás. A Lei de Responsabilidade é burlada a toda
hora, porque há um orçamento paralelo, que é mantido pelo BNDES. Quem paga é o
povo, porque quem financia o BNDES é o FAT, com cerca de 40%. Conheço gente que
pega empréstimo lá para uma coisa e vai fazer outra, porque o dinheiro é
barato. (Os petistas) São incompetentes e acham que estão fazendo coisas. O PAC
é o orçamento com propaganda", criticou o ex-presidente. Segundo Fernando
Henrique, Lula surfou na onda da estabilidade econômica mundial e a presidente
Dilma Rousseff surfa nos próprios tropeços.
O ex-presidente disse é que é preciso ser capaz de falar uma linguagem
simples, acessível à população, e também ouvir. "O importante é ter
respeitabilidade. Responder qualquer pergunta sem temer. Tem que ter marca,
convicção, orgulho do que foi feito. "Ou a Vale não é um orgulho para o
Brasil? Ou a Embraer não é? Ou a Petrobras não é? É só explicar ao povo o que é
privatização, o significado dela", afirmou.
Segundo Fernando Henrique, mesmo tendo vasculhado, o Ministério Público
não conseguiu manter um processo na Justiça a respeito de privatização em sua
gestão. "Não há nada que nos desabone. Fizemos o que era necessário e era
correto. Não houve corrupção", disse.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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