Reajuste real de apenas 1% no valor do remuneração em 2014 será o 2º pior desde
2006, quando Lula instituiu a política de avanços reais
João Villaverde
BRASÍLIA - O governo federal está preocupado com o salário mínimo no ano
eleitoral de 2014. O fraquíssimo resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em
2012 vai afetar o centro da política econômica num ano considerado crucial em
Brasília, quando, além das eleições presidenciais, ocorrerá a Copa do Mundo.
Pelas regras em vigor, o índice que corrige o salário mínimo é obtido pela
soma da inflação (medida pelo INPC) do ano anterior com a variação do Produto
Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Assim, o salário mínimo de 2014 será
diretamente afetado pelo avanço de apenas 1% que o PIB deve ter em 2012.
Pelas estimativas preliminares da equipe econômica, o salário mínimo terá
reajuste inferior a 6% em 2014, o que levará o valor para algo próximo a R$ 715
- levando em conta um salário mínimo de aproximadamente R$ 672 em 2013 (alta de
8% em relação aos R$ 622 vigentes neste ano). O governo trabalha com uma alta
de 5% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) no ano que vem.
Além de servir de termômetro para os rendimentos dos trabalhadores com
carteira assinada e para o mercado informal, o salário mínimo corrige mais de
dois terços das aposentadorias e pensões pagas pelo INSS.
O reajuste real de apenas 1% no valor do salário mínimo em 2014 será o
segundo pior desde 2006, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva
instituiu a política de avanços reais. O menor reajuste foi concedido também
pela presidente Dilma Rousseff, em seu primeiro ano de mandato, quando a
correção real foi de zero - refletindo a queda de 0,6% do PIB em 2009, quando a
economia sofreu os efeitos da recessão mundial.
Fator determinante. Técnicos do governo e especialistas em política social
colocam o salário mínimo à frente dos benefícios do Bolsa Família como fator
determinante para a grande ascensão social dos últimos anos no País. "O
salário mínimo tem um efeito poderoso sobre a economia e atinge, direta e
indiretamente, um universo muito maior que aquele do Bolsa Família", disse
um economista do governo.
Na equipe econômica, o assunto ganhou corpo depois que IBGE divulgou, na
sexta-feira, que o PIB no terceiro trimestre deste ano cresceu apenas 0,6% ante
o trimestre anterior. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, trabalhava até a
véspera com o dobro: um avanço de 1,2%. Nem mesmo o pior cenário da Fazenda,
uma alta de 0,9%, se aproximou do fraco desempenho.
O resultado da economia neste ano só não foi pior, entendem os economistas
do governo, justamente pelo forte avanço do salário mínimo em janeiro, de 14%,
o maior desde a década de 1990. Neste ano, o avanço foi obtido pelo PIB recorde
de 2010 (alta de 7,5%) e a inflação de 6,5% registrada em 2011.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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