Para Roberto Gurgel,
ninguém está a salvo da Justiça. A Comissão de Ética da Presidência intimará
Rose Noronha e mais três.
Procurador-geral:
"Ninguém está a salvo do sistema de Justiça"
Comissão de Ética pede explicações a Weber, Rose e irmãos Vieira
Carolina Brígido, Júnia Gama
Sem salvação. Gurgel elogiou operação: "O sistema de Justiça atua com a
necessária firmeza"
Cerco à corrupção
BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fez uma análise
positiva ontem dos efeitos da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que
prendeu seis pessoas e indiciou 19 de uma quadrilha que intermediava a compra
de pareceres em órgãos federais e agências reguladoras. Entre os indiciados
está o advogado-geral adjunto da União e a chefe de gabinete da Presidência da
República em São Paulo.
- Eu vejo isso até por um lado positivo. Cada vez mais fica evidenciado que ninguém,
em nenhum lugar, está a salvo do sistema de Justiça. O sistema de Justiça atua
com a necessária firmeza, seja onde for que os delitos estiverem sendo
praticados - disse Gurgel. - Sem dúvida, havendo envolvimento dessas pessoas
com prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal, nós vamos examinar e
adotar as providências que sejam necessárias.
Chegou ao STF semana passada um ofício com informações sobre a Operação
Porto Seguro, com documentos sobre esquema de corrupção em agências reguladoras
e na AGU. O ofício foi encaminhado a Gurgel antes de ser autuado no Supremo
como petição ou inquérito. Caberá ao procurador-geral decidir se haverá
investigação no âmbito da Corte.
Gurgel disse que fará isso se encontrar qualquer indício de envolvimento de
pessoas com direito a foro privilegiado. A operação chegou ao nome do deputado
federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), por exemplo. Gurgel informou que ainda não
leu os documentos, pois estava no exterior na semana passada.
Ontem, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu, por
unanimidade, intimar para que se pronunciem a respeito das denúncias da
Operação Porto Seguro José Weber de Holanda Alves, ex-advogado-geral adjunto da
União; Paulo Vieira e Rubens Vieira, diretores afastados da Agência Nacional de
Águas (ANA) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac); e Rosemary Noronha,
ex-chefe de gabinete da Presidência em SP.
O presidente da comissão, Américo Lacombe, não descartou pedir informações,
no futuro, ao ex-presidente Lula, de quem Rosemary era próxima, e ao
advogado-geral, Luís Inácio Adams, que indicou Weber ao cargo.
- No momento, não vimos nada de compromisso dele (Adams). Ele apenas
indicou, e o Weber não se comportou bem. Ele não pode ser responsabilizado por
todo mundo que ele indicou - afirmou Lacombe, sobre o fato de Adams ter
indicado Weber mesmo sabendo que era processado na Justiça.
Ele classificou como "problema íntimo" o fato de Rosemary ter
usado a proximidade com Lula para obter favores:
- Lula deveria se pronunciar se quiser. O presidente Lula, o problema dele
agora é um problema pessoal, um problema íntimo. Isso aí (nomeações) nós vamos
ver depois, temos que ir devagar, degrau por degrau. Agora, vamos ouvir o que
esses cidadãos têm a dizer.
O prazo é de dez dias para que os intimados forneçam informações à comissão.
Eles poderão sofrer desde censura a uma recomendação de demissão.
Fonte: O Globo
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