Karla Correia
Especialista em tomar a temperatura do eleitorado para medir a aceitação de um candidato e a eficácia de suas estratégias, o argentino Diego Brandy é apontado como um dos “escudeiros” do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em sua estratégia para viabilizar a candidatura à Presidência da República em 2014. Ainda fariam parte do seleto grupo o secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar, e o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes.
Baseado no Recife, o instituto de pesquisas comandado por Brandy, o Cipec, tem o PSB de Campos entre os principais clientes e é o motivo para o argentino levar a vida em uma espécie de ponte aérea entre a capital pernambucana e Buenos Aires, onde moram sua mulher e suas quatro filhas. Desde 1998, sua vida profissional o aproximou dos brasileiros. Naquele ano, Brandy foi o responsável pelas pesquisas eleitorais para campanhas conduzidas pela agência DM, do publicitário Duda Mendonça, na província argentina de Córdoba.
Em 1999, o marqueteiro João Santana, então sócio de Duda, o convidou para participar da campanha de Eduardo Duhalde a presidente da Argentina. A ponte com o mercado brasileiro foi consolidada quando o publicitário Edson Barbosa, da Agência Link, o chamou para trabalhar como analista de pesquisas da campanha de Juraci Magalhães a prefeito de Fortaleza, em 2000. Daí para o argentino montar seu negócio no Brasil foi um pulo. De início, instalou-se na Bahia, onde prestou serviços para o hoje governador do Estado, Jaques Wagner.
A amizade com Eduardo Campos começou em 2005, quando o governador era ministro de Ciência e Tecnologia do governo Lula. Campos precisava, então, avaliar a viabilidade de sua candidatura ao governo do Estado em 2006 e Brandy foi o homem que lhe foi indicado para a tarefa. O pernambucano venceu a eleição contra o então governador, Mendonça Filho (PFL), no segundo turno, com 65,36% dos votos válidos.
Foi o suficiente para Brandy trocar Salvador por Recife, em 2007. Desde então, o argentino acompanha de perto as avaliações de gestão do governador, responsáveis por sua popularidade entre o eleitorado pernambucano, e ajuda a manter bem polida a imagem de Campos como gestor eficiente.
Lupa em Dilma
Em Pernambuco, se diz, hoje, que Eduardo Campos não dá um passo sem consultar o argentino, que mantém uma lupa apontada para as pesquisas de opinião sobre o governo da presidente Dilma Rousseff, sobretudo para as áreas de pior avaliação de sua gestão — alvo de críticas milimetricamente estudadas no discurso de Campos. A negociação do governador com Duda Mendonça e com a agência Blackninja, do sociólogo Antônio Lavareda, com vistas a 2014, por exemplo, passou pelo aval de Brandy.
A proximidade com o governador, hoje uma amizade pessoal, é mantida nos bastidores. Segundo um colega de trabalho, Brandy é avesso a badalações, mantém restrito o contato com a imprensa e evita aparecer ao lado de Campos em eventos públicos. “É um homem tímido, de fala tranquila e gestos contidos”, diz o colega do marqueteiro.
Uma exceção aconteceu na festa de comemoração pela eleição do candidato do PSB à prefeitura de Recife em 2012, Geraldo Júlio, que teve Brandy como responsável pelo marketing de sua campanha. Desde os santinhos distribuídos nas ruas da capital pernambucana até os trackings diários para determinar o posicionamento de Júlio, que teve sua candidatura praticamente inventada por Campos, tudo passou pelas mãos do argentino.
A vitória de Geraldo Júlio foi considerada o primeiro ponto de Eduardo Campos em um embate político contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que impôs no PT a candidatura do senador Humberto Costa para a prefeitura de Recife e saiu derrotado da disputa. Outra de suas raras aparições ao lado de Campos se deu em seu aniversário de 50 anos, em 2012. A equipe do governo pernambucano compareceu em peso à festa em homenagem a Brandy. Geraldo Júlio lhe deu de presente uma camisa 10 da Seleção Brasileira de futebol.
Fonte: Correio Braziliense
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