quinta-feira, 20 de junho de 2013

Popularidade em queda livre

As demandas da população que tem ocupado as ruas do país para protestar e o temor com a repercussão do movimento nas eleições de 2014 acenderam a luz vermelha no Planalto. Para agravar as preocupações palacianas, as recentes pesquisas de opinião, feitas antes mesmo da onda de protestos, mostram que a popularidade de Dilma Rousseff está caindo. Levantamento do CNI-Ibope divulgado na manhã de ontem mostrou queda de oito pontos percentuais no índice de aprovação do governo, que passou de 63% para 55%. A confiança depositada na presidente e a aprovação do jeito de ela governar também caíram oito pontos.

Ontem, as reuniões começaram pela manhã. Dilma chegou às 9h25 ao Palácio do Planalto. A primeira reunião foi com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Duas horas depois, ela convocou os assessores mais próximos para tratar do aumento da insatisfação em relação ao governo. A presidente não almoçou e só deixou a sede do Executivo às 19h20.

Na última terça-feira, Dilma fez o primeiro pronunciamento oficial sobre os protestos e, em seguida, voou para São Paulo, onde se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; o prefeito paulistano, Fernando Haddad (PT); o ministro da Educação, Aloizio Mercadante; o presidente nacional do PT, Rui Falcão; e o publicitário João Santana. O fato de o encontro ter reunido caciques petistas e o principal marqueteiro do partido demonstra a preocupação de Dilma com o projeto de reeleição.

O tamanho do prejuízo, entretanto, ainda não pode ser calculado. A pesquisa CNI-Ibope foi feita entre 8 e 11 de junho, antes, portanto, da explosão de protestos no Brasil, ocorridos após o dia 13, quando a polícia reagiu de forma violenta ao ato promovido em São Paulo contra o aumento na tarifa do transporte público. O sistema de ônibus e trens urbanos, aliás, não é o único ponto crítico da gestão Dilma. Mais da metade dos entrevistados reprovaram as políticas de segurança pública, de saúde, de educação, os impostos e a taxa de juros. "Saúde, educação e segurança pública são as três áreas mais desaprovadas. O que a gente vê nos protestos são questões, também, sobre esses temas. Eles geram insatisfação, mas, até o momento, não vinham afetando a popularidade da presidente. Talvez até porque são divididos entre os governos federal, estadual e municipal", afirmou Renato da Fonseca, gerente executivo de Pesquisa da CNI.

Inflação

O especialista destaca que a redução dos índices é significativa e reflete um descontentamento, principalmente, com a inflação. "A aprovação em relação à política de combate à inflação teve uma queda de 10 pontos percentuais, a mais forte entre as nove áreas que pesquisamos", afirmou.

A queda na aprovação do governo na pesquisa de junho em relação à de março foi acompanhada pelo aumento do percentual dos que acreditam que a administração é ruim ou péssima. O índice subiu de 7% para 13%, o mais alto desde o início da atual gestão. No início do mês, pesquisa Datafolha também apontou queda na popularidade da presidente em oito pontos (naquele estudo, o índice caiu de 65% para 57%). No levantamento da CNI, a redução foi de 21% entre aqueles que têm renda familiar superior a 10 salários mínimos e de 5% entre os que ganham até R$ 678.

Vem aí a "Política de Participação Social"

O governo deve lançar, até o fim do ano, uma Política Nacional de Participação Social. Segundo o secretário Nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, a ideia está sendo analisada desde o ano passado, mas a reta final das discussões coincidiu com os protestos ao redor do país. Será criado um sistema que conectará as instâncias de diálogo com os governos federal, estaduais e municipais, tais como conferências e conselhos, e ainda agregará contribuições dos cidadãos que não façam parte dessas instâncias. (JB)

Fonte: Correio Braziliense

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