Adesão modesta aos atos de anteontem não é vista como problema, mas líder da CUT admite que é preciso "uma autocrítica".
Ricardo Chapola
Mesmo após a baixa adesão popular ao Dia Nacional de Lutas, líderes das centrais sindicais defenderam ontem a força de mobilização dos sindicatos para promover manifestações de rua, Anteontem, 105 mil pessoas participaram da série de protestos ocorridos pelo País, volume bem menor que os atos espontâneos iniciados no dia 6 de junho e propagados pelas redes sociais. As centrais negam que estejam "defasadas" em seus métodos.
"Não são defasados. E nós usamos também a internet", afirmou o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah. "O caminhão de som é emblemático. Ele pode significar o passado, mas nós o utilizamos como instrumento. Mas acoplado a toda a tecnologia mais avançada que tem no mundo."
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, afirmou que não se comparam "instituições com instrumentos", mas disse que as centrais sindicais ainda tem poder de mobilização. "Anteontem nós movimentamos o Brasil todo", destacou.
Em um encontro no mês passado, um representante das centrais disse com o microfone aberto da plenária que "a internet não decide quando vai se fazer greve". Era uma crítica ao modelo sem líderes que o Movimento Passe Livre (MPL), por exemplo, usou para divulgar os protestos contra o aumento das tarifas de transporte público em junho - e que chegou a levar 30 mil pessoas para a Avenida Paulista. Na quinta-feira, segundo a Polícia Militar de São Paulo, havia 7 mil pessoas na Paulista 110 pico da manifestação. Os organizadores falaram em 20 mil A Força usou o termo "milhões".
O presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SP), Adi dos Santos Lima, reconheceu falhas de representatividade das centrais e disse que a estrutura atual precisa ser revista.
"É evidente que os sindicatos precisam fazer uma autocrítica em relação à comunicação com a juventude", afirmou.
Em reunião na manhã de ontem, as centrais prometeram fazer um novo protesto no dia 30 de agosto, em Brasília, caso o governo não abra negociações com a categoria sobre a pauta trabalhista que entregue à presidente Dilma Rousseff em março. "Se nos enrolar, já está marcado. Aí sim, um ato com outra dimensão, diferente do de ontem", afirmou Patah.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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