quarta-feira, 19 de março de 2014

No Rio, ‘Dona Dilma e seus muitos maridos’

Presidente pode subir nos palanques de Crivella, Pezão, Lindbergh e Garotinho

Paulo Celso Pereira – O Globo

BRASÍLIA — Pelos relatos dos políticos fluminenses que estiveram com a presidente Dilma Rousseff nas últimas semanas, se alguém filmar a disputa no Rio inevitavelmente chegará a uma paródia do clássico do cinema nacional "Dona Flor e seus dois maridos". Mas com Dilma no papel principal, e com o dobro de "maridos". Na segunda-feira, ao deixar o Ministério da Pesca, o agora senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) revelou que a presidente Dilma Rousseff disse a ele que "não haveria hipótese" de não apoiá-lo no estado — praticamente a mesma frase usada na semana passada com o vice-governador Luiz Fernando Pezão.

— Ela falou textualmente: "Crivella, não há hipótese de eu não estar no seu palanque no Rio de Janeiro". Pode conferir com a presidenta. Não estou acrescentando nem tirando uma vírgula, uma palavra — garantiu Crivella.

Apesar de ter sido ministro da presidente, Crivella diz não se incomodar com a possibilidade de ela subir também em outros palanques. No momento, o PT nacional negocia a presença dela não apenas nas campanhas de Crivella e Pezão, mas também na de Lindbergh Farias e do ex-governador Anthony Garotinho.

— Acho que nós todos precisamos estar juntos a esta dama, e precisamos compreender a situação. Ela tem um grande projeto para o Brasil. Ela enfrentou uma época difícil, enquanto o presidente Lula pegou os ventos favoráveis. Ela fez uma gestão extraordinária e enfrentou as manifestações de rua. Devemos retribuir fazendo palanque para ela que dê condições de ganhar com facilidade no Rio de Janeiro — justificou.

O senador diz que ao contrário das várias eleições majoritárias em que disputou e perdeu, neste ano ele teria a seu favor uma queda na rejeição. Na avaliação dele, a população teria deixado de temer a associação entre sua trajetória religiosa, como bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, e a política.

— O tempo foi esclarecendo na opinião pública de que não havia razão para aquela rejeição toda. As pessoas verificaram que em 10 anos no Senado e dois no ministério o Crivella só fez pelo povo, pelo interesse público. Essas coisas mostraram ao povo que o Crivella não estava lá para fazer religião, para ajudar a igreja dele ou outra igreja — ponderou.

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