quarta-feira, 19 de março de 2014

Relatório que baseou compra de refinaria nos EUA por Petrobras era falho, diz Planalto

Segundo nota do Presidência, caso informações não fossem omitidas, aquisição não teria sido aprovada

Catarina Alencastro – O Globo

BRASÍLIA - A Secretaria de Comunicação da Presidência justificou nesta quarta-feira, por meio de nota, que a presidente Dilma Rousseff votou pela compra, pela Petrobras, de metade da Refinaria Americana Pasadena Refining System (PRSI), nos Estados Unidos, por ter, à época, informações falhas e incompletas. A compra, que é investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), foi executada em fevereiro de 2006, quando Dilma era ministra da Casa Civil do ex-presidente Lula e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

A revelação foi feita em matéria publicada hoje pelo jornal "O Estado de S. Paulo." Segundo Dilma, ela tomou a decisão embasada em um resumo executivo feito pelo Diretor da Área Internacional da estatal, o qual não informava sobre duas cláusulas, uma que garantia à sócia da Petrobras lucro de 6,9% mesmo em condições adversas (cláusulas Marlim) e outra que obrigava uma das partes a comprar a outra em caso de desacordo (Put On).

"A aquisição pela Petrobras de 50% das ações da Refinaria de Pasadena foi autorizada pelo Conselho de Administração, em 03.02.2006, com base em Resumo Executivo elaborado pelo Diretor da Área Internacional. Posteriormente, soube-se que tal resumo era técnica e juridicamente falho, pois omitia qualquer referência às cláusulas Marlim e de Put Option que integravam o contrato, que, se conhecidas, seguramente não seriam aprovadas pelo Conselho.", diz Dilma em nota.

Por conta dessas cláusulas que, segundo a presidente, foram omitidas quando aprovou o negócio, a Petrobras foi obrigada a comprar 100% da refinaria dois anos depois. A Petrobras investiu no negócio US$ 1,18 bilhão. Segundo o TCU, a refinaria não processa um único barril de petróleo e ainda não deu retorno financeiro à estatal.

"Em 03.03.2008, a Diretoria Executiva levou ao conhecimento do Conselho de Administração a proposta de compra das ações remanescentes da Refinaria de Pasadena, em decorrência da aplicação da Cláusula de Put Option. Nessa oportunidade, o Conselho tomou conhecimento da existência das referidas cláusulas e, portanto, que a autorização para a compra dos primeiros 50% havia sido feita com base em informações incompletas.", esclarece a presidente no texto.

A aquisição pela Petrobras das ações remanescentes de Pasadena aconteceu em junho de 2012, após a conclusão de um processo de questionamento na Câmara Internacional de Arbitragem de Nova York e por decisão das Cortes Superiores do Texas, salientou a Presidência da República.

Em 2006, na época da primeira decisão, a presidência do Conselho da Petrobras era exercida pela hoje presidente da República, Dilma Rousseff. O presidente da companhia era Sérgio Gabrielli e o diretor da Área Internacional era Nestor Cerveró.

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