- Folha de S. Paulo
O empate técnico entre Marina Silva e Aécio Neves, com uma diferença de três pontos a favor dela, confirma a expectativa de mais uma reviravolta espetacular nesta eleição cheia de surpresas e que teve até uma tragédia no meio.
Além da curva favorável a Aécio, já que ele sobe e Marina cai, o tucano tem outras vantagens: o eleitor dele é menos volátil, conhece melhor o número do PSDB e sabe manejar a urna eletrônica com mais desenvoltura. Em eleições apertadas, voto a voto, todos esses pequenos detalhes se tornam grandes definidores.
Marina está super no jogo e fez um último programa de TV empolgante, mas o mundo político já começa a armar um contrato de compromissos, ou de reciprocidades.
Quando Marina surfava na crista da onda, o PSDB deu todos os sinais de apoio a ela não apenas no segundo turno, mas também para um eventual governo Marina (o tal Itamarina, reencenando o momento Itamar Franco). E agora? Se for Aécio a disputar com Dilma?
A resposta a essa questão é fundamental. Dilma tem a Presidência, a máquina pública, a capilaridade do PT, a força de Lula e a magia de João Santana. Se Marina for sozinha, ou se Aécio for sozinho, o segundo turno estará virtualmente decidido a favor do continuísmo.
Para manter no segundo turno o grau de imprevisibilidade que marcou --e marca-- o primeiro, só com uma grande jogada estratégica: a união das oposições. O resultado da eleição vai depender tanto dos dois finalistas quanto de quem sobrar, Marina ou Aécio, o PSB ou o PSDB.
A maioria dos votos de Marina deve ir para Aécio se ele for ao segundo turno, e a recíproca é verdadeira: os votos dele também tendem para Marina. Mas boa parte, nos dois casos, pode muito bem ir para Dilma. Uma grande parte, aliás, subirá no muro antes de se definir.
Logo... estes três dias serão eletrizantes, mas os 21 seguintes não vão ficar nem um pouco atrás.
Nenhum comentário:
Postar um comentário