César Felício - Valor Econômico
SÃO PAULO - No último debate antes da realização do primeiro turno no domingo, os candidatos à Presidência Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) trocaram ataques logo no primeiro bloco do encontro promovido, ontem à noite, pela Rede Globo. Conforme apontado por pesquisas Ibope e Datafolha, Marina e Aécio disputam voto a voto, na reta final, a vaga em um provável segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff (PT), que lidera a corrida ao Planalto.
A corrupção foi o primeiro tema a ser tratado no debate. Confrontada pela candidata Luciana Genro (PSOL) sobre os casos de irregularidades na Petrobras, a presidente Dilma Rousseff afirmou que demitiu o ex-diretor de abastecimento, Paulo Roberto Costa. "Corruptos estão em todos os lugares, eu propus leis para coibir a corrupção. As instituições é que têm que ser virtuosas", disse a presidente. O tema voltou a ser mencionado pelo tucano Aécio Neves, que, ao responder a uma pergunta do Pastor Everaldo (PSC), afirmou que Paulo Roberto não teria sido demitido, mas pediu demissão "e foi elogiado pelos seus serviços prestados", frisou.
Aécio foi atacado pelo mesmo flanco pela candidata do PSB, a ex-senadora Marina Silva, que afirmou que o PSDB teria dado origem ao mensalão "com a compra de votos da reeleição", em referência à aprovação da emenda constitucional aprovada em 1997. "Me surpreende esta sua defesa do mensalão do PT, ao se referir a denúncias que nunca foram comprovadas", respondeu Aécio.
Durante o debate, Marina acusou Aécio de ter estabelecido com Dilma um pacto tácito para enfraquecê-la durante a campanha. "Pela primeira vez em sua história, PT e PSDB [se unem] para tentar me desconstituir como política", disse. Marina reagia a uma provocação do tucano, que a questionou sobre o fato de ter nomeado para a sua equipe no ministério políticos do PT que haviam sido derrotados em eleições em 2002 e 2006. "Existe algo mais velho na política do que nomear para cargos públicos políticos que foram derrotados nas urnas?", indagou o tucano.
Marina procurou ainda garantir que, caso eleita, irá manter os programas sociais do governo. "Os programas sociais devem ser estendidos para alcançar a maior parte da população e que não foi alcançada. No caso do Bolsa Família, faltam 4 milhões de famílias", disse, prometendo em seguida conceder um benefício equivalente ao 13º salário em programas de transferência de renda.
Entre os nanicos, o momento de maior tensão se deu entre Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB). O candidato do PV exigiu que Fidelix pedisse desculpas por declarações tidas como homofóbicas, feitas no debate entre os presidenciáveis na TV Record. Levy acusou Eduardo Jorge por apologia ao crime, por advogar a liberalização do aborto e da venda de maconha. "Vamos nos encontrar na Justiça. O senhor envergonhou o Brasil". "Quem envergonha é você, cara!", disse Fidelix.
Em sua vez de questionar, o candidato do PRTB escolheu Luciana Genro (PSOL), com quem protagonizou a polêmica na Record. Fidelix cobrou a adversária por ter desrespeitado um suposto acordo de bastidores, pelo qual a pergunta seria sobre economia. Luciana negou tal acordo e criticou as declarações do concorrente. "O senhor apavorou, chocou o país. Fez o mesmo discurso que nazistas fizeram com os judeus, e que os racistas fazem contra os negros. Deveria ter saído algemado direto [do debate] para a prisão", afirmou.
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