• Com a ausência notada do líder dos "rebeldes" aliados, Eduardo Cunha, sesssão do Congresso que aprovaria a mudança na meta do superávit primário acabou suspensa
Edla Lula – Brasil Econômico
A base rebelde da Câmara deu um recado claro ao governo ontem, quando negou quórum à sessão do Congresso que votaria a alteração na meta de superávit primário, que acabou não acontecendo. Uma das principais ausências percebidas foi a do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), cuja função seria a de convocar seus liderados para a votação. O silêncio de Cunha e seus seguidores foi entendido como "chantagem", num momento em que o governo define colocações nos Ministérios e a Câmara se prepara para escolher um novo presidente, com PT e Cunha brigando pelo cargo. A mesma interpretação foi dada ao barulho do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), que queria impor a realização da sessão no grito, com direito a bate-boca com a oposição, que por várias vezes o acusou de agradar o governo em troca de cargos.
"O PMDB não tem nenhuma ansiedade com a composição do governo. Se for convidado a participar, o PMDB do Senado vai decidir na sua bancada de que forma participará. O PMDB não tem, não guarda, não quer, repele qualquer ansiedade com relação a isso", respondeu Calheiros, após a sessão. O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), um dos mais exaltados, comemorou a ausência de parte da base, que acabou contribuindo para a vitória da oposição, contrária às alterações pretendidas pelo governo na meta de superávit primário: "A oposição não tem maioria suficiente para fazer prevalecer a ausência de quórum.
Houve uma contribuição grande da base aliada do governo. Há aqui um jogo de chantagem e de força envolvendo a bancada governista e a vontade da presidente da republica". Dos 71 deputados peemedebistas, apenas 29 compareceram à sessão. No PP, outro aliado, com 40 deputados, apenas 21 marcaram presença. Dos 31 integrantes do PR na Câmara, apenas 17 compareceram. Isto para citar alguns dos maiores aliados. Sem explicação, o líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PTCE), atribuiu o vexame à inadequação do horário marcado para a sessão, ao meio-dia. "Na sessão de segunda-feira saímos mais de uma da manhã, aceitando todo e qualquer tipo de obstrução, e votamos com tranquilidade. Ontem (terça) tivemos quorum e votamos com tranquilidade.
O horário da reunião de hoje (ontem) é que levou alguns parlamentares a não comparecerem", disse Pimentel. A próxima sessão, na terça-feira, será também ao meio-dia. A presidenta Dilma Rousseff desejava ter o projeto aprovado antes de anunciar a nova equipe econômica, hoje. Por isso o presidente do Congresso e o relator da matéria, Romero Jucá (PMDB-RR), insistiram, ontem, em manter a discussão no Plenário, mesmo já tendo vencido o tempo regimental de meia hora de tolerância para iniciar a sessão. A oposição, indignada, esbravejou até conseguir que o presidente encerrasse os debates. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), líder do seu partido, disse que a obstrução permanecerá na semana que vem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário