- Folha de S. Paulo
Do ponto de vista jurídico, as aberturas de inquérito contra políticos suspeitos de envolvimento na corrupção da Petrobras terão um longo caminho a percorrer. A largada simultânea dos 21 procedimentos agora desvelados será seguida por uma maratona dispersa, com cada investigação adotando ritmo próprio.
Mais competidores ainda podem entrar na corrida. É o caso de governadores, cujo foro é o Superior Tribunal de Justiça, e de outros a ser conhecidos, por exemplo, após a novíssima rodada de delações de grandes empreiteiros em Curitiba.
Na política, a longa vida do escândalo no labirinto da Justiça frustrará os cálculos dos governantes para 2018. A presidente da República e governadores reeleitos em outubro iludiram os cidadãos e adiaram correções de rumo impopulares, na expectativa de que teriam tempo de recuperar-se ao longo de quatro anos.
O plano já seria difícil de executar se apenas a variável da economia atuasse. O estrago na produção e na renda tem se mostrado mais violento e profundo do que se supunha, o que dilata o prazo e o vigor esperados para a recuperação.
O desgaste prolongado da política, alimentado pelo escândalo da Petrobras, engendra outro vetor que concorre para derrubar a popularidade de mandatários de norte a sul, em todos os níveis administrativos, no Executivo e no Legislativo.
O resultado hipotético e plausível desse caldeirão de insatisfações será uma queda na taxa de reeleição e de vitória do situacionismo, seja na disputa pelas prefeituras no ano que vem, seja no pleito de 2018. As oposições dos partidos tradicionais ampliam sua perspectiva de poder.
Mas, pelas características desse maremoto de descrédito, é para os candidatos excêntricos que a oportunidade mais sorri. O volume de surpresas aventureiras é que pode dar o tom das próximas eleições. O que é novo nem sempre é bom.
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