• Alvo de inquérito por suposta prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Eduardo Cunha nega acusação de doleiro de que teria pressionado fornecedoras da Petrobrás por propina
Carla Araújo - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Um dos 34 parlamentares alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal sob suspeita de participar do esquema de desvios da Petrobrás, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, divulgou nota neste domingo, 8, em que nega a acusação do doleiro Alberto Youssef que, em delação premiada, afirmou que ele havia pressionado fornecedoras da Petrobrás para recebimento de propina e rechaçou a reportagem publicada neste domingo pelo jornal O Globo, que afirma que dois requerimentos da Câmara reforçam as acusações do doleiro contra Cunha.
"Bastava uma simples pesquisa no portal da Câmara para ver todas as propostas que apresentei, e isso posso provar. Só que ele, o procurador, não tem como provar. Simplesmente não fiz qualquer representação e se, por ventura, outros parlamentares fizeram, por que, então, o procurador não pediu inquérito dos outros parlamentares?", escreveu o deputado em nota publicada no seu site da Internet.
O presidente da Câmara usa o pedido de arquivamento das acusações contra o senador Delcídio Amaral (PT-MS) para reforçar seu entendimento de que o procurador-geral Rodrigo Janot "escolheu a quem investigar" e diz que o arquivamento "causa estranheza". No sábado, Cunha já havia acusado a Procuradoria-Geral da República de ter sido um "aparelho político" do Palácio do Planalto e afirmou "não aceitar isso". "A PGR agiu politicamente em conjunto com o governo. Querem deixar todos iguais para, juntos, buscarem solução", disse Cunha ao Estado. "Eu não aceito isso. Vou me defender", declarou.
A pedido da Procuradoria-Geral, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki determinou a instauração de inquérito para investigar Cunha por suposta prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na opinião de Cunha, a PGR agiu como "aparelho visando a imputação política de indícios como se todos fossem partícipe da mesma lama" e considerou "lamentável" ver a instituição se "prestar a esse papel" para que o procurador-geral Rodrigo Janot seja reconduzido ao cargo.
Propina. Segundo o jornal O Globo, após uma suspensão da propina paga pelos fornecedores, o doleiro afirmou que Eduardo Cunha pediu "a uma Comissão do Congresso para questionar tudo sobre a empresa Toyo, Mitsui e sobre Camargo, Samsung e suas relações com a Petrobrás, cobrando contratos e outras questões". Segundo o doleiro, "este pedido à Petrobrás foi feito por intermédio de dois deputados do PMDB". Os deputados que apresentaram requerimentos, de acordo com a reportagem, foram: Solange Almeida (PMDB/RJ) e Sérgio Brito (PSD/ BA).
Para Cunha, a pesquisa deveria ter sido feita pelo procurador-geral da República antes do pedido de abertura do inquérito. "A minha pergunta é a seguinte: se havia suspeição de que este requerimento fosse para o fim levantado no depoimento do delator, por que não se abriu inquérito contra estes dois deputados?", afirmou o presidente da Câmara.
Ele diz ainda nas eleições de 2014 a deputada Solange, que se elegeu prefeita de Rio Bonito, "deu apoio parcial a uma dobradinha que fiz com o deputado estadual Paulo Melo, então presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj)". "Não se pode confundir eventuais apoios políticos na eleição de 2014 com requerimento de 2011 da deputada, no exercício legitimo do seu mandato", afirmou.
Cunha diz que a tentativa de ligá-lo ao requerimento da deputada é "forçar a barra" para criminalizá-lo . "Querer atribuir a mim a responsabilidade de atos legítimos do exercício de mandato de cada um é uma tentativa de forçar a barra para a mim imputar responsabilidade", disse na nota.
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