Dilma vai à TV defender ajuste e é alvo de panelaço
• Em pronunciamento, presidente faz críticas à mídia e pede apoio do Congresso
• Motoristas fizeram buzinaços e moradores foram às janelas gritar xingamentos à petista em ao menos 12 capitais
- Folha de S. Paulo
BRASÍLIA, SÃO PAULO, RIO - A presidente Dilma Rousseff (PT) foi vaiada nas ruas de várias cidades do país durante pronunciamento de rádio e TV que foi ao ar neste domingo (8) por ocasião do Dia da Mulher.
Na fala, Dilma defendeu o ajuste fiscal, pediu apoio da população e do Congresso na implementação de medidas que afetam a "todos" e disse que as críticas contra o governo são "injustas".
Assim que o pronunciamento teve início, motoristas deram início a um buzinaço pelas ruas de ao menos 12 capitais: São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia, Belém, Recife, Maceió e Fortaleza.
Em São Paulo, das janelas dos prédios, moradores batiam panelas e xingavam a presidente enquanto piscavam as luzes dos apartamentos. Em Pinheiros, zona oeste, as buzinas e gritos de "Fora, Dilma!" e "Fora, PT!" duraram até três minutos depois do final da transmissão.
No Paraíso, zona sul, pessoas se concentraram por cerca de 15 minutos em frente à casa do prefeito Fernando Haddad (PT). No Itaim Bibi, zona oeste, um grupo se reuniu em frente ao prédio de Luis Claudio, o Lulinha, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os protestos ocorreram em várias regiões da cidade, sobretudo nos bairros de classe média e alta. A Folha obteve relatos de manifestações em Santana (zona norte), Mooca, Tatuapé e Jd. Anália Franco (zona leste), Higienópolis (centro), Pompeia, Perdizes, Morumbi, Jardins e Vila Madalena (zona oeste) e Moema e Brooklin (zona sul).
Na Bela Vista, região central, moradores gritavam "15 de março vem aí", numa alusão às manifestações convocadas contra a presidente para o próximo domingo em mais de 200 municípios (leia mais na pág. A9).
Os protestos durante o pronunciamento foram convocados ao longo do dia em redes sociais e em aplicativos de conversas via celular.
"Principalmente de sábado para domingo, trabalhamos muito para viralizar a convocação para o protesto", disse a economista Maria Fernanda Gomes, uma das líderes do Movimento Brasil Livre, que afirmou ter tido o apoio de outros grupos para a mobilização.
No Rio, gritos e vaias contra a presidente foram registrados em bairros como Copacabana e Leme (na zona sul), Méier e Tijuca (bairros de classe média da zona norte), Santa Teresa (centro) e Barra da Tijuca, bairro nobre da zona oeste, onde as críticas foram mais intensas.
Em Recife e em Salvador houve protestos, mas também reações favoráveis à presidente registradas em redes sociais. "Grande fala de Dilma! E aqui, em Salvador, não ouvi panelaço. Viva o respeito por quem venceu nas urnas", escreveu um internauta identificado como Celso.
O Palácio do Planalto não quis comentar as vaias. Em fevereiro, pesquisa Datafolha registrou queda de 19 pontos na aprovação da presidente em relação a dezembro de 2014. Desde então, o governo enfrenta deterioração nos índices econômicos e crescentes dificuldades na relação com partidos aliados.
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