• Presidente do Congresso afirma que lógica era jogar o escândalo para longe do Planalto
- O Globo
RIO - Citado na lista enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o presidente do Senado, Renan Calheiros, abriu fogo contra a presidente Dilma Rousseff e a articulação política do Planalto. Segundo ele, o governo teria direcionado a cobertura da imprensa para seu nome e o do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, quando soube que o senador Aécio Neves (PSDB) não apareceria na lista.
— O jogo do governo era: ‘Quanto mais gente tiver (na lista), melhor, desde que tenha o Aécio’. Essa era a lógica do Planalto — afirmou ao blog do jornalista Fernando Rodrigues.
Segundo Renan, no momento em que Dilma ficou sabendo que o senador tucano não estava na lista, a petista se irritou:
— Ela só soube que o Aécio estava fora na noite da terça-feira, quando o Janot entregou os nomes para o Supremo. Ficou p… da vida. Aí a lógica foi clara: vazar que estavam na lista Renan e Eduardo Cunha. Por quê? Porque querem sempre jogar o problema para o outro lado da rua. Foi algo dirigido. O ‘Jornal Nacional’ dizendo, veja só, que ‘o Planalto confirma que Renan e Eduardo Cunha estavam na lista’. Veja se tem cabimento? Havia ali uma dezena de nomes, mas o Planalto deliberadamente direcionou a cobertura da mídia para dois nomes. Dois nomes que retiravam o governo momentaneamente dos holofotes.
O peemedebista, que, ao ser reeleito presidente da Casa, era considerado aliado de Dilma, também desferiu críticas a Janot ao dizer que o procurador “não teve critério” na inclusão de nomes de políticos na lista. Janot imputou a Renan indícios dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
— O problema dessa lista é que ela não tem um critério claro. Não estou falando de ter um critério certo ou errado. Estou falando apenas de ter um critério. Ele mandou investigar pessoas por fatos idênticos aos fatos pelos quais isentou alguns. Ou seja, não há critério. Ontem (quinta-feira), mandou um emissário dizer que tudo no meu caso se refere a doações legais. Está em campanha aberta para se reeleger. Faz o diabo — criticou.
O presidente do Senado disse que o governo errou na condução da política e criticou Dilma, dizendo que “nem tudo se resume a cargos ou favores”.
— Volta e meia ouço que a presidente pergunta a todos que vão a até ela: ‘O que o Renan quer?’. Ela já perguntou isso para várias pessoas. É um pensamento reducionista da política. Achar que tudo se resume a cargos ou favores. Não é isso. O problema é a política. O governo errou muito na política.
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