• Dados do Ministério do Trabalho mostram a primeira redução de vagas em um mês de abril dos últimos 23 anos
Juraci Perboni - O Globo
FLORIANÓPOLIS - Como resultado da forte desaceleração da atividade econômica este ano, 97.828 postos formais de trabalho (com carteira assinada) foram fechados em abril, o que representou uma queda de 0,24% no total de empregos formais do país. Foi o primeiro resultado negativo para abril desde o início da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, iniciada em 1992.
Pelos números divulgados ontem, houve 1.527.681 admissões no mês passado, número inferior aos 1.625.509 desligamentos. O resultado também está negativo no acumulado do ano (-0,33%, 137 mil vagas fechadas) e nos últimos 12 meses (-0,64%, o equivalente a 263,4 mil postos de trabalho fechados).
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, evitou atribuir o aumento das demissões a uma crise econômica no país. Segundo Dias, fatores políticos têm influenciado a decisão dos empresários de aumentar as demissões.
- Há um discurso sectário, que é mais um discurso político que outra coisa, que tenta apagar tudo que foi feito e dizer que o Brasil entra numa crise sem precedente, que não temos mais solução. Claro que esse discurso político afeta a economia - afirmou o ministro, para acrescentar: - Quem pretende empreender, desiste e não contrata, o que se reflete no mercado de trabalho.
Com exceção do setor agropecuário, que criou 8.470 novvagas (mais 0,55% do total de empregos) em abril, nos demais setores houve mais demissões do que contratações. Quem mais cortou foi a indústria da transformação, com menos 53.850 vagas, o que representou uma queda de 0,65%. Na construção civil, foram eliminados 23.046 vagas (-0,77%), contra 20.882 no comércio e 7.530 no ramo de serviços.
O ministro disse que o governo trabalha com a perspectiva de reaquecimento da economia e retomada do emprego a partir do segundo semestre, como resultado das medidas de ajuste fiscal. Dias ainda lembrou os estudos para a criação de um Programa de Proteção ao Emprego. O modelo, segundo ele, seria baseado no existente na Alemanha, "que deve funcionar bem na indústria de transformação, metalúrgica e automobilística".
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