• Fase difícil faz Dilma 'dosar' aparição pública
Tânia Monteiro, Rafael Moraes Moura - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA- A deterioração econômica, a adoção de medidas impopulares, o pessimismo generalizado com os rumos do País, a instabilidade política na relação com o Congresso e a sombra de um impeachment abalaram a imagem da presidente Dilma Rousseff neste início de segundo mandato e a fizeram reduzir sua exposição pública para evitar mais desgastes.
Após desistir de fazer pronunciamento em rede nacional no Dia do Trabalho e não participar do programa de TV do PT, a presidente se viu obrigada a cancelar a ida à cerimônia de comemoração dos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, realizada na sexta-feira no Rio de Janeiro, para não ter o risco de enfrentar novas manifestações, vaias e panelaços em um momento em que ela está focada em emplacar uma agenda positiva para melhorar sua imagem. Dilma entrou na redoma.
Para não ser criticada por não prestigiar importante evento que contou com a presença de presidentes em todos os países aliados na Segunda Guerra, Dilma pediu às Forças Armadas que providenciassem, de última hora, solenidade de premiação aos pracinhas brasileiros, no Planalto, longe de ser submetida a qualquer constrangimento ou manifestação.
Isso a despeito de pesquisas internas do PT já terem detectado uma tendência de recuperação na popularidade de Dilma. Os novos números foram recebidos com alívio. Mas a ordem é que todo cuidado deve ser tomado para evitar que os dados criem um falso ambiente de que é hora para maior exposição.
No governo, a avaliação é de que, em momentos de dificuldades, o trabalho de recuperação da imagem de Dilma deve ser "dosado". Nesta semana estão previstos dois eventos "teste". Ela vai ao interior de Minas lançar o programa Minha Casa Minha Vida e, mais uma vez, todo cuidado com a exposição ao público está sendo tomado. Na terça, vai ao Rio, em diferentes cerimônias, todas com acompanhamento pelo pessoal que negocia com os movimentos sociais, para garantir a presença de apoiadores e evitar manifestantes, formando um novo colchão de proteção à presidente.
A própria Dilma tentou se defender das acusações de que está evitando se expor a manifestações. Em entrevista, na quarta-feira, explicou que no Dia do Trabalho preferiu se pronunciar "através de um forte, um forte veículo, forte e novo, que é a internet", mas ressalvou que irá "manter esses pronunciamentos também na chamada mídia tradicional: televisão, rádio e tudo". Na homenagem ao Dia das Mães a presidente pretende recorrer de novo às mídias sociais.
Na mesma linha, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, disse que Dilma "não está protegida numa redoma de vidro", ao optar por se comunicar pelas redes sociais. "O local em que ela mais se expõe é nas redes sociais. A rede não tem filtro, não tem mediação, tem anonimato."
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