• Investimento deve levar tombo que não se via desde o século passado; indústria encolhe faz meia década
- Folha de S. Paulo
O investimento em capacidade produtiva extra está com cara de levar o maior tombo em 13 ou 16 anos, pelo andar da carruagem da produção de máquinas e equipamentos industriais, sobre o que há estatísticas até março. No caso da construção, as informações são mais nebulosas, mas o cheiro de queimado é intenso, pois há colapso nas obras pesadas, o setor imobiliário encolhe de modo alarmante.
O investimento varia de modo abrupto. Cai e sobe rapidamente, em geral. Vai ser assim, outra vez?
A resposta depende da análise dos males da indústria e da possibilidade de colocar alguma ordem no setor de construção.
A tendência da indústria é de declínio desde 2010 ou 2011, ano inaugural de Dilma 1. Os investimentos em obras grandes estão em colapso devido à ruína da Petrobras e do setor de petróleo, à ruína das empresas corruptas da Lava Jato e ao corte brutal de gastos do governo, que talhou quase um terço de seus investimentos neste ano.
A produção industrial encolheu 6% no primeiro trimestre de 2015 (em relação ao primeiro de 2014). A produção de bens de capital (de investimento), em particular, desabou 18%. Em 12 meses, os tombos foram, respectivamente, de 3,5% e 12,4%. O ritmo de importações de bens de capital, em geral associado ao ritmo de produção e investimento domésticos, indica que a coisa não melhorou em abril.
Em ano de recessão, não seria de espantar tamanho tombo. O problema, repita-se, é que a indústria encolhe desde 2011, com algumas melhoradas breves, em geral devidas à anabolizantes que o governo injetou na economia.
A produção industrial está em um nível uns 8% menor que o de meados de 2013. No primeiro semestre daquele ano, haviam decerto diminuído alguns temores de que o euro fosse à breca, entre outras crises que então ficavam menos feias. Talvez mais importante, o país ainda estava na marchinha forçada imposta por Dilma 1, que distribuía incentivos fiscais e de crédito a fim de reanimar a economia no muque.
Não poderia durar, entre outros motivos, porque tal política econômica inflacionava o Brasil (elevava custos) em um mundo em deflação. A indústria, já padecendo de jequice isolacionista e improdutiva (por protecionismos vários), de ineficiências crônicas do Brasil e de dólar barato (que encarecia o produto brasileiro), teve de engolir alta adicional de custos. Não poderia prestar, não prestou.
A política econômica de Dilma 1, além de causar desordem no sistema de preços e outras ineficiências, resultou em deficit público pré-falimentar, em inflação extra, juros mais altos e incerteza regulatória aguda; contribuiu sobremaneira também para o tumulto político, realimentando o desânimo econômico.
No curto prazo, como a indústria pode ao menos tirar o pé do pântano? Talvez por meio dessa coisa horrível que se chama "ajuste", que no fim das contas significa redução de salários médios, o que virá por meio da combinação de algum desemprego com alguma desvalorização do real. Contas públicas em ordem mínima e juros em queda decerto vão dar uma animada, o de costume.
E depois de amanhã? Qual o projeto para tornar a economia mais eficiente?
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