- Folha de S. Paulo
A aprovação da primeira medida provisória do ajuste fiscal é uma vitória amarga para o PT e para o governo Dilma Rousseff.
O texto empurra a conta da crise para os trabalhadores, ao restringir o acesso a benefícios como o abono salarial e o seguro-desemprego. Os afetados serão os mais pobres, que já sofrem com a inflação e as demissões em diversos setores da economia.
O pacote atinge a base social do petismo e expõe o rompimento das promessas de campanha da presidente, reeleita no ano passado.
Até a noite de terça, deputados do PT ainda criticavam o texto, enquanto o governo pressionava parlamentares de outros partidos aliados a votar a favor dos cortes. Foi preciso o PMDB ameaçar abandonar o barco para que os petistas aceitassem, a contragosto, assumir a defesa dos cortes. Uma defesa envergonhada, como se viu na votação desta quarta.
A bancada abaixou a cabeça enquanto a claque da Força Sindical xingava Dilma, gritava "Fora, PT" e atirava dólares sobre os governistas. Em uma inversão de papéis, deputados do PSDB subiam à tribuna para acusar petistas de defender os banqueiros e punir os trabalhadores.
"A oposição finalmente aprendeu a fazer oposição", divertia-se Lúcio Vieira Lima, do PMDB da Bahia.
A votação acabaria com um inusitado panelaço no plenário da Câmara, que deve estimular novas manifestações contra o governo e o PT.
Apesar do desgaste anunciado, a aprovação da medida evita um prejuízo ainda maior para o Planalto. Uma derrota significaria o estilhaçamento definitivo da bancada governista e poderia provocar a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Líder da bancada da bala, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), que afirmou que uma colega merecia "apanhar como homem", foi o campeão de votos no Distrito Federal em 2014. O ex-PM teve apoio de mais de 155 mil eleitores brasilienses.
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