Catia Seabra – Folha de S. Paulo
• Tendência do ministro Rossetto diz que resoluções do congresso do partido impedem reversão de impopularidade
•No evento, há duas semanas, sigla endossou o ajuste fiscal e rejeitou mudanças em seu comando
SÃO PAULO - Tendência integrada pelo secretário-geral da Presidência, Miguel Rossetto, e pelo ministro Pepe Vargas (Direitos Humanos), a DS (Democracia Socialista) apresentou, nesta quarta-feira (24), documento com severas críticas à política econômica e à nomeação de Joaquim Levy ao Ministério da Fazenda.
O texto faz avaliação do 5º congresso do partido, realizado há duas semanas, afirmando que seu resultado deve ser entendido como um recuo que imobiliza o governo, arrasta o partido e impede que a presidente Dilma Rousseff saia de um "altíssimo patamar de impopularidade".
A divulgação do documento coincide com as críticas públicas que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem fazendo ao PT e ao governo.
Segundo o texto, "a indicação de Levy e a adoção de uma política conservadora e recessiva na economia seriam uma forma de absorver a pressão neoliberal". O documento também é crítico à aliança com o PMDB.
No 5° congresso, a DS se aliou à "Mensagem", segunda maior força do PT, mas acabou derrotada. Depois de dois dias de debate em Salvador, o partido manifestou apoio ao ajuste fiscal, defendeu as alianças e rejeitou a proposta de convocação de uma constituinte para troca do comando partidário.
Agora, com a elaboração do documento, a DS tenta reeditar essa parceria e retomar o movimento pela realização de uma conferência interna, a "Muda, PT!".
O texto será submetido aos dirigentes da "Mensagem" para a redação de um documento conjunto. Apontada como moderada, a Mensagem ainda não aderiu integralmente a essa versão.
Secretário Nacional de Formação Política do PT, Carlos Henrique Árabe cita as recentes declarações de Lula para justificar o documento da DS, que segundo ele foi submetido a Rossetto, ministro próximo a Dilma. "Nós defendemos a renovação do PT. Lula é ainda mais ousado: quer revolução", disse.
Ontem, petistas tentavam debelar a crise provocada pelas declarações de Lula, para quem o partido envelheceu, só quer cargos e precisa de uma revolução interna.
Na véspera da reunião da cúpula do PT prevista para esta quinta (25) o presidente do partido, Rui Falcão, esteve com Lula em São Paulo. Na terça, Falcão fez críticas sutis ao petista, ao dizer que prefere quando Lula diz que os que acham que o PT vai acabar "darão com os burros n"água".
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