quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Doleiro diz que outro delator vai esclarecer suposta doação a Dilma

• Ex-diretor afirma que Youssef lhe transmitiu pedido de R$ 2 mi que teria sido feito por Palocci

• O doleiro voltou a negar ter atuado nessa operação em 2010, mas disse que não poderia dar mais detalhes

Aguirre Talento – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - "Eu me sinto ameaçado por um bandido que já está aqui condenado celso panseradeputado (PMDB-RJ), sobre YoussefEu não sou bandido Alberto youssefdoleiro, em resposta ao deputado

Em acareação na CPI da Petrobras nesta terça (25), o doleiro Alberto Youssef, colaborador da Lava Jato, afirmou que um outro delator da operação está dando informações sobre uma doação de R$ 2 milhões para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, que é alvo de suspeitas.

Esta era uma das principais divergências entre o depoimento de Youssef e o do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, também delator.

Costa havia dito que Youssef lhe transmitiu recado do ex-ministro Antônio Palocci pedindo a verba à campanha. Mas Youssef sempre negou.

Na acareação, ambos reafirmam suas declarações originais. Youssef, então, disse: "Tem um outro réu colaborador que está falando. Eu não fiz esse repasse. Assim que essa colaboração for noticiada, vocês vão saber realmente quem foi que pediu o recurso e quem foi que repassou".

Ele disse que não poderia dar detalhes pois o caso está sob investigação, em Curitiba. "Logo vai ser revelado e vai ser esclarecido esse assunto".

Essa foi uma das poucas informações novas trazidas pelos delatores na acareação.

Os parlamentares aproveitaram a presença dos delatores para fazer perguntas contra os rivais de seus partidos.

O deputado Jorge Solla (PT-BA) questionou Youssef sobre suas declarações a respeito do senador Aécio Neves (PSDB-MG). O doleiro repetiu que ouviu falar que o tucano receberia dinheiro de uma diretoria de Furnas, subsidiária da Eletrobras. Costa também foi inquirido. Disse nada saber.

Youssef também confirmou que, em sua opinião, o Planalto sabia do esquema de corrupção na Petrobras, o que já havia falado na sua delação. Bruno Covas (PSDB-SP) perguntou sobre a responsabilidade da presidente Dilma Rousseff na compra da refinaria de Pasadena (EUA).

Em relação ao repasse ao senador Edison Lobão (PMDB-MA), Youssef disse que o ex-deputado José Janene (PP-PR), morto em 2010, é que deve ter cuidado do assunto.

Outro momento polêmico foi uma discussão entre Youssef e o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ). Em audiência na Justiça, o doleiro já chamado Pansera, sem citar seu nome, de "pau-mandado" de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por ter apresentado requerimentos para quebrar o sigilo e convocar suas duas filhas e sua ex-mulher.

Na CPI, Youssef afirmou para Pansera: "É Vossa Excelência [que está me intimidando], é Vossa Excelência".

Pansera disse então que se sentiu "ameaçado" por "um bandido que já está aqui condenado". Youssef respondeu que ele não precisava se preocupar.

"Não sou bandido".

Outro lado
Procurada, a assessoria de Palocci disse que ele "reafirma que jamais fez qualquer pedido para a campanha de 2010 a Paulo Roberto Costa, seja por intermédio de Alberto Youssef ou por qualquer outro intermediário".

Costa e Lobão têm negado relação com o esquema de corrupção na Petrobras. A citação a Aécio foi arquivada pelo Ministério Público.

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