quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Não fica bem para uma presidente dizer que a ficha só caiu agora, diz Jungmann

Por: Valéria de Oliveira - Portal PPS

“É absolutamente impressionante. Todos os brasileiros já haviam sentido os efeitos da crise, mas a ficha dela só caiu agora”, disse o vice-líder da oposição na Câmara, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), ao comentar as declarações da presidente Dilma Rousseff de que ela não tinha uma noção do tamanho da crise que o país atravessava desde o ano passado. Durante a campanha eleitoral, Dilma vendeu a imagem de que a economia brasileira ia de vento em popa.

Segundo Jungmann, todos os brasileiros, “desde o ano passado ou mesmo antes, estão vendo os empregos indo embora, a inflação na lua, e estão cientes de que o país vive uma grande crise, tanto econômica quanto política”, mas a presidente da República só foi descobrir isso mais de oito meses depois. Para o parlamentar, “parece que a presidente vive em outro planeta”.

No entender do deputado, as declarações da presidente, na verdade, são uma tentativa “muito fora de época, muito atrasada” de fazer uma mea-culpa, de dizer “olha, eu falei uma mentira, sobre um mundo que não existia durante a campanha eleitoral, mas é porque eu demorei a perceber”.

Jungmann não acredita na presidente. “Na verdade as pedaladas fiscais e tudo o que aconteceu anteriormente demonstram, claramente, que ela arrebentou com o país para poder se reeleger”, disse o deputado. “Não venha dizer que a ficha só caiu agora. Não fica bem para a presidente da República nem para um dirigente de qualquer país do mundo”.

Sobre a redução no número de ministérios, Jungmann acha que o corte poderia ser ainda maior. O parlamentar lamentou que a medida não tenha sido tomada antes de a presidente propor as mudanças que penalizaram os trabalhadores. “A presidente está rigorosamente atrasada, porque já poderia ter economizado centenas de milhões de reais fechando ministérios que são um desperdício, que não têm razão de ser, que só servem para dar cargos para amigos, partidários e para aqueles que a apoiam, em detrimento da maioria do povo brasileiro”.

Impeachment
Ao analisar o impeachment, Jungmann disse que o país vive um dilema. “Estamos numa crise que se aprofunda e o governo não tem como sair dela. Até os partidários da presidente sabem disso”. Ao mesmo tempo, entretanto, analisa o deputado, ainda não há “fato determinado, o crime carimbado” no qual a presidente tenha incorrido ou constatação de que durante o processo eleitoral algo ilegal tenha acontecido.

“Tudo está andando, tanto na Justiça quanto no Tribunal de Contas. A gente não pode ter a pressa que aniquila o verso. Vamos esperar para ver. Se acontecer isso, então o processo de impeachment será iniciado aqui dentro”, disse Jungmann. Se ocorrer o contrário, lembra o parlamentar, “manda a Constituição que a presidente, apesar de todos os pesares, tem um mandato a cumprir dentro do sistema presidencialista”.

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