quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Saída de Temer da articulação é definitiva, afirmam aliados

• Mesmo afastado, vice atuou para evitar votação de pauta-bomba

Isabel Braga, Fernanda Krakovics e Simone Iglesias - O Globo

-BRASÍLIA- A saída do vice Michel Temer do comando da articulação política fez o governo correr contra o prejuízo ontem. A saída, segundo aliados de Temer, é definitiva e ele se dedicará à sua atuação como vice. Em conversas internas, a avaliação é que o vice e seu principal auxiliar na articulação, o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) devolveram a “batata quente” das nomeações de cargos para a presidente Dilma e seus assessores mais próximos.

Temer explicou que agora ele se dedicará a se encontrar com lideranças políticas para tratar dos grandes temas do país. Perguntado por uma jornalista se seu afastamento do controle da articulação política como um todo abre caminho para pavimentar um processo de impeachment contra Dilma, Temer disse ser “absolutamente falso” esse entendimento. O vice afirmou que sua relação com Dilma não ficou arranhada.

— A presidente Dilma fez um pedido, naturalmente enalteceu gentilmente minha colaboração nessa primeira fase, mas concordou plenamente que estamos em uma segunda fase e devo exercitar outra espécie de atividade, ainda na coordenação política. Não há embaraço — disse.

O Palácio do Planalto, por sua vez, tenta passar a impressão de que nada mudou.

Ontem, Temer atuou e conseguiu evitar uma derrota do governo na votação de uma das propostas da chamada pautabomba: a emenda constitucional que impede que o governo federal ou o Congresso imponha medidas que impactem os cofres de estados e municípios. O problema para o Planalto é que isso libera os parlamentares para aprovar medidas populistas que impactem os cofres federais. Temer acionou o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), para construir um acordo e inviabilizou o movimento do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e seus aliados que pretendiam votar a emenda ainda esta semana no plenário da Casa. Temer conseguiu até mesmo convencer o relator da emenda, deputado André Moura (PSC-SE) a modificar seu texto. O relator deverá apresentar hoje o novo texto.

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