• Deputados queriam visitar gráfica suspeita de fraude na campanha eleitoral
Júnia Gama e Simone Iglesias- O Globo
- BRASÍLIA e RIO- O encontro reservado de segunda- feira no Palácio do Planalto entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), surtiu seu primeiro efeito ontem e deixou a oposição apreensiva. Um mês e meio após anunciar seu rompimento com o governo, Cunha dissuadiu líderes oposicionistas de levar adiante requerimento para criar uma comissão externa da Câmara com o objetivo de visitar a gráfica VTPB, em São Paulo, suspeita de fraude pelo recebimento de R$ 22,9 milhões da campanha da presidente Dilma Rousseff, no ano passado.
O pedido, assinado pelos líderes de DEM, PPS, PSDB, Solidariedade e da minoria, foi apresentado terça- feira a Cunha, pouco após o encontro dele com a presidente. Cunha então apelou aos deputados para que deixassem sua apreciação apenas para o dia seguinte, já que poderia atrapalhar a votação das matérias pautadas para o dia, como a do Supersimples.
“Jogo de sedução”
Ontem, os deputados voltaram a insistir na apresentação do requerimento em plenário, mas Cunha, reservadamente, pediu que deixassem a ação para outro momento. O presidente da Câmara disse que não queria tomar decisão que pudesse aparentar ser mais uma investida contra o governo.
— Notamos que ele está mais reflexivo e menos impulsivo em relação ao governo — disse um deputado da oposição.
O movimento apaziguador de Cunha gerou tensão entre os oposicionistas. Há uma percepção de que o governo estaria fazendo um “jogo de sedução” para neutralizar o ímpeto oposicionista do peemedebista na Câmara, e que Cunha estaria suscetível a essas investidas, já que se encontra enfraquecido pela denúncia de que é alvo no âmbito da Operação Lava- Jato.
Representantes da oposição realizaram ontem atos públicos de apoio a Cunha. Primeiro, foi um café da manhã com deputados do DEM; depois, um encontro com a juventude do Solidariedade, no qual Cunha foi recebido com gritos de “guerreiro do povo brasileiro”.
— A oposição vai reforçar o respaldo a Eduardo, não queremos entregá- lo aos leões — resumiu um líder da oposição.
Na noite de segunda, Cunha recebeu aliados para um jantar e disse que a conversa com Dilma não significa que haverá um armistício. Segundo aliados, ele sinalizou apenas que terá uma postura mais colaborativa nas pautas econômicas.
A presidente fez um apelo a Cunha pela manutenção dos vetos, em especial os que aumentam as despesas do Executivo. Cunha respondeu que é problema do Congresso, não só da Câmara. E fez críticas ao ministro Joaquim Levy.
Os sete governadores do PMDB decidiram se reunir na próxima terça- feira, em Brasília, com o vice Michel Temer e com Cunha para tentar agilizar as reformas no Congresso.
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