• Após convidá-lo a reassumir a função, Dilma ouve queixas do vice-presidente, que promete ajudá-la pontualmente
• Peemedebista reunirá os sete governadores do partido e os presidentes da Câmara e do Senado para discutir a crise
Marina Dias, Natuza Nery – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) recusou nesta quarta-feira (2) uma sondagem feita pela presidente Dilma Rousseff para que reassumisse a articulação política do governo.
Em almoço com a petista, ele reclamou de ter sido excluído dos debates sobre a CPMF e a reforma administrativa. Segundo relatos obtidos pela Folha, afirmou que poderia ter evitado que o Executivo sofresse o desgaste de propor a recriação do imposto num dia e recuar no outro.
O Palácio do Planalto foi obrigado a desistir da medida após ampla oposição da cúpula do Congresso e dos líderes empresariais.
Na conversa com Dilma, Temer afirmou que pode ajudá-la "pontualmente" no Legislativo, mas que não deseja retornar ao varejo das negociações políticas com o Congresso, como discussões de cargos e emendas.
Prontificou-se, porém, a atuar no que chamou de "macropolítica", como ele próprio já havia dito que faria quando entregou o cargo de articulador oficial da Esplanada no último dia 24.
Ao reclamar de ter sido excluído das discussões sobre o resgate da CPMF, o vice-presidente deu outro exemplo de isolamento, mencionando a decisão de Dilma de executar uma reforma administrativa para enxugar a máquina estatal. A decisão fora tomada em um domingo, mas Temer e outros ministros da cúpula do governo só tomaram conhecimento no dia seguinte, minutos antes do anúncio.
Dilma, então, convidou o vice para uma reunião no Alvorada, no próximo domingo (6), para tratar de uma solução para o deficit de R$ 30,5 bilhões na proposta de Orçamento da União de 2016 apresentada pelo governo.
Trata-se de uma tentativa de se reaproximar do vice, peça crucial ao propósito de retomar a estabilidade política.
O vice também decidiu reunir os sete governadores do PMDB e os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para discutir a estratégia do partido diante da crise política e econômica que vem se agravando no país.
O encontro está marcado para a próxima terça (8), no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência.
O objetivo de Temer é afinar o discurso e a postura do PMDB depois que a presidente Dilma assumiu pessoalmente a articulação política e pediu ao Congresso ajuda na construção de saídas para o deficit fiscal do Orçamento.
No almoço com Dilma, o vice afirmou ainda que a tentativa de cobrir o deficit deve partir de cortes do Poder Executivo e não da criação de novos tributos.
A avaliação dele é que levar novos impostos para votação no Legislativo vai criar "ainda mais desgaste político" para o Planalto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário