• Para parlamentares de PSDB, DEM e PPS, objetivo do rearranjo foi frear impeachment da presidente Dilma
• Deputados e senadores também afirmam que mudanças feitas pelo Planalto foram tímidas; PMDB também é alvo
Mariana Haubert, Débora Álvares – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - A oposição no Congresso criticou nesta sexta (2) a reforma anunciada pela presidente Dilma Rousseff, em que cortou oito ministérios, 3.000 cargos comissionados, 30 secretarias e reduziu em 10% os salários dos ministros.
Para os parlamentares, as negociações pela nova configuração, feitas principalmente com o PMDB, têm como objetivo frear o andamento de um eventual processo de impeachment e a distribuição de cargos não acabará com a instabilidade política.
"É um arranjo para sustentá-la no governo para tentar minimizar o quadro de instabilidade. Não teve uma reforma, é pífia", disse o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE). Para ele, a reforma não resolverá o clima de insatisfação na Casa.
Manifesto do PMDB
O deputado mencionou o manifesto lançado na quinta (1º) por um grupo de peemedebistas que representam um terço da bancada da sigla na Câmara. Eles dizem discordar das negociações por cargos, um indício de que a costura política do Planalto pode não surtir o efeito esperado.
O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), disse que a reforma "é mais uma tentativa desesperada" de Dilma para não ser retirada do cargo. "A presidente quer se safar do impeachment", argumentou. "Pelo visto, a incompetência vai continuar."
Bueno também alvejou o PMDB, que passou de seis para sete ministérios. Ele disse que o partido fez um discurso contraditório ao defender a redução das pastas e, na prática, aumentar sua participação na Esplanada.
Para Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM no Senado, Dilma é uma "figura acessória do processo das decisões que estão sendo tomadas". "Todo esse processo foi construído pelo ex-presidente Lula", afirmou o senador.
Caiado repisou o argumento de que o acordo com o PMDB só foi fechado para que os pedidos de impeachment da presidente não prosperem no Congresso.
O líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), disse que a reforma foi "atrasada" e "pífia diante da gravidade da crise". "O fato é que essa reforma expõe a já notabilizada prática dos governos do PT, de Lula e Dilma, de lotear o governo", disse o tucano.
"Neste momento em que a presidente conta com o apoio de apenas 10% dos brasileiros [...], é evidente que o objetivo principal das medidas é tentar salvar o mandato."
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