Italo Nogueira – Folha de S. Paulo
RIO - O consenso sobre o nome do secretário municipal Pedro Paulo (PMDB) como pré-candidato a prefeito do Rio custou ao atual ocupante do cargo, Eduardo Paes (PMDB).
Ele se empenhou para que o principal concorrente, o deputado Leonardo Picciani (PMDB), se tornasse líder do PMDB na Câmara no início do ano. Já havia empregado em dezembro seu irmão mais novo, Rafael (PMDB), 29, como secretário de Transporte.
A costura convenceu o presidente do PMDB-RJ e da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, a aceitar Pedro Paulo como o pré-candidato oficial do partido, pacificando a sigla em torno do braço direito de Paes.
A falta de opções de consenso no horizonte é a principal arma para que o secretário mantenha o posto após um mês sob ataque pelas agressões à ex-mulher Alexandra Mendes Marcondes.
Oficialmente, Pedro Paulo segue com apoio de Paes e do partido. Em nota, a sigla diz que "não cogita outro nome para a sucessão do prefeito".
Em entrevista neste domingo (15), Paes voltou a defender seu secretário, afirmando que as agressões são assunto da vida privada.
"Não estamos falando algo da dimensão pública dele. Na dimensão pública, ele é o quadro mais preparado", disse Paes. Ele negou ter um plano B para a candidatura.
"Não estou buscando um homem perfeito. Quero um candidato que governe bem a cidade. E o meu candidato a prefeito é Pedro Paulo".
Aliados avaliam, porém, que Pedro Paulo tem pouca chance de superar o baque. Ele começava a se expor quando os registros policiais foram divulgados. O rótulo de agressor foi o primeiro que a maioria do eleitorado recebeu.
Irritaram os aliados as seguidas versões falsas de Pedro Paulo –divulgadas não só para a imprensa, como também a correligionários e funcionários–, desmentidas ao longo de um mês.
Inicialmente, ele negou ter ocorrido agressão em 2010 que deixou a ex-mulher com um dente quebrado. Depois, disse ter sido caso único. Terminou a semana reconhecendo dois casos, mas chamou-os de "episódios superados".
A entrevista com a ex-mulher foi considerada positiva, desde que sem novas revelações. Apesar disso, o prefeito não vai abandonar o mais fiel aliado. A esperança é que o tema esfrie após um ano –e uma Olimpíada no meio.
O único nome que uniria o PMDB do Rio é o do ex-governador Sérgio Cabral. Com a imagem ainda desgastada após renunciar ao governo do Estado, ele não tem interesse.
Leonardo Picciani está empenhado na sucessão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ainda que decida viabilizar-se, Paes não o vê como uma boa opção.
O secretário estadual de Transporte, Carlos Roberto Osório (PMDB), surge como uma possível terceira via. Novato –participou da primeira campanha em 2014, ao se eleger deputado estadual–, foi secretário-geral da candidatura do Rio como cidade-sede da Olimpíada de 2016.
Ex-funcionário da CNN, tem facilidade em conceder entrevistas, mas Paes e Cabral avaliam que não tem experiência para enfrentar uma disputa majoritária.
A avaliação no PMDB é que nem Eduardo Paes nem Jorge Picciani podem decidir sozinhos. A falta de opções pode salvar a pré-candidatura de Pedro Paulo.
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