- Folha de S. Paulo
Paris gera um alerta mundial contra o terrorismo. As cenas de crueldade perpetradas pelo Estado Islâmico são injustificáveis. Seja lá o argumento que se use: vingança, religioso ou desigualdade.
Há um pouco ou muito de cada um destes componentes na ação dos terroristas. Todos podem e devem ser motivos de protestos. Nenhum dá a liberdade a quem quer que seja para tirar a vida alheia.
Já vivemos momentos piores na história da humanidade. Mas nunca estivemos tão próximos de cada uma destas tragédias como hoje na era da conexão tecnológica global. O que nos torna mais sensíveis a elas ou, pelo menos, deveria.
Afinal, nossas reações não são as mesmas para tragédias semelhantes que ocorrem a cada dia mundo afora. Ficamos mais indignados quando atacam a Paris que conhecemos e visitamos. Nem tanto quando as explosões são em Cabul.
A vida tirada no Afeganistão, onde muitos de nós jamais iremos, vale o mesmo que a subtraída na França, que alguns consideram segunda pátria. Não que isto deva ser motivo para não usar a tragédia de Paris a fim de alterar este caos planetário criado pelo Estado Islâmico.
Pelo contrário. Mas não só lá, em Paris, mas acolá, em Bagdá. E também aqui, nas nossas esquinas e morros, onde uma guerra diária é travada e não nos indignamos com a vida alheia tirada, mas tão somente com a segurança ameaçada.
Tal argumentação não tira um minuto do sono de boa parte dos líderes mundiais, principalmente os ocidentais. Que vão utilizar os atos terroristas de Paris para destruir seus autores e acabarão levando juntos muitos inocentes como os atingidos nas ruas parisienses.
Mas talvez desperte aqui ou acolá o sentimento de que devemos nos indignar com atentados semelhantes onde aconteçam, com quem seja, até com nossos inimigos. Não é nada fácil. Mas se queremos um mundo novo, este é o caminho.
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