- O Globo
“Falamos de algo da vida pessoal de Pedro Paulo. Não de algo da dimensão pública dele” Eduardo Paes, prefeito do Rio
De duas, uma. Ao dizer que descarta a ideia de trocar seu secretário Pedro Paulo Carvalho por outro nome que concorra à prefeitura do Rio em 2016, Eduardo Paes apenas ganha tempo para encontrar um novo candidato. Ou então: apesar da enrascada em que Pedro Paulo se meteu, Eduardo, de fato, não abre mão de ser sucedido por ele, amigo de fé, parceiro há 18 anos, camarada.
O PLANO DE Eduardo de disputar em 2018 o governo do Rio ou a vaga de Dilma passa pela eleição de Pedro Paulo para prefeito. Só que o futuro de Pedro Paulo já não pertence ao prefeito, mas aos cariocas que começam a reagir, indignados, contra o que ele fez. Especialmente as cariocas, chocadas com a descoberta de que Pedro Paulo espancou sua exmulher duas vezes.
“EU ACHO QUE aconteceu uma coisa de casal, que só interessa a eles”, disparou Eduardo, afinado com Pedro Paulo e desafinado com as ruas. “O que deve valer para o eleitor é tentar compreender quais são as propostas dele para a cidade. É preparado? Que realizações tem? É disso que se trata a eleição”. Não é só disso. E espanta que o prefeito de uma cidade cosmopolita como o Rio pense assim.
O QUE ACONTECEU com Pedro Paulo e Alexandra somente caberia a eles se Pedro Paulo não fosse um homem público. Os eleitores têm o direito de conhecer como os aspirantes a governá- los se comportam longe dos refletores. A Pedro Paulo não se pode negar o direito ao arrependimento. Mas tampouco aos eleitores o direito de julgá- lo pelo que fez de bom ou de ruim.
NÃO EXISTEM duas morais, uma pública e outra privada. Exige- se do homem público que seja coerente com o que prega. Se para atrair votos ele condena a violência, não pode na intimidade da família ou dos amigos agredir quem quer que seja. “Eu me descontrolei”, desculpou- se Pedro Paulo, orientado por especialistas em crises de imagem que o treinaram para mentir melhor.
CHAMAR DE “descontrole” o ato de bater em uma mulher é debochar da nossa inteligência. É uma confissão de ignorância abissal dos meios mais civilizados de se resolver conflitos entre humanos. No limite — quem sabe? —, pode ser também uma forma de disfarçar um possível traço de misoginia sempre tão comum entre aqueles que levam uma vida dupla, obrigados a mentir o tempo todo.
HÁ UM MÊS, quando a “Veja” revelou que em 2010 ele surrara Alexandra no apartamento do casal na Barra da Tijuca, Pedro Paulo negou. E distribuiu um documento assinado por Alexandra onde ela negava que tivesse apanhado. O documento era falso. Ouvida pelo Ministério Público, Alexandra confirmou tudo o que registrara em delegacia, na época.
FORA TRAÍDA pelo marido com uma mulher que parecia um travesti. E, ao cobrar satisfações, Pedro Paulo respondeu com socos e chutes que a deixaram coberta de marcas. Um dos socos arrancoulhe um dente. Confrontado com o que dissera Alexandra, só restou a Pedro Paulo apelar novamente para a mentira: “É importante dizer que foi um episódio único na minha vida”. Não foi!
NA SEMANA PASSADA, soube- se que ele espancara Alexandra na noite do Natal de 2008, e diante da filha do casal, Manuela, de 10 anos. O ato final da humilhação de Alexandra ocorreu na quinta- feira. Forçada pelo ex- marido a defendê- lo, Alexandra jurou que só apanhou dele duas vezes. “Pedro nunca foi um cara agressivo”, recitou. Agressivo, mentiroso e egocêntrico, Pedro pede seu voto para governar o Rio.
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