Reynaldo Turollo Jr., Thais Arbex – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu nesta segunda-feira (23) que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), renuncie ao cargo.
"Se ele tivesse um pouco mais de visão de Brasil renunciaria ao cargo", mas, "não tendo, vai ter que ser renunciado".
FHC disse que Cunha "não tem mais condições morais nem políticas" de continuar à frente da Câmara. A declaração foi mais dura do que a do último dia 10, quando o tucano abordou o tema com cuidado e disse, após um evento em seu instituto, que "o afastamento se dá depois que é culpado, antes, não".
O ex-presidente participou de um seminário promovido pelo Instituto Teotônio Vilela, fundação do PSDB, sobre meio ambiente e sustentabilidade.
O senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, também esteve no encontro e afirmou que o partido "já externou" sua posição no "Conselho de Ética e no plenário da Câmara".
Aécio voltou a defender o afastamento de Cunha, mas não disse que medidas seu partido vai adotar.
"A palavra do PSDB desde lá de trás foi muito clara: o presidente não tem mais condições de conduzir a Câmara dos Deputados. O instrumento [para afastá-lo], se será uma ação junto à PGR [Procuradoria-Geral da República] ou obstrução das votações, nossas lideranças na Câmara estão discutindo com os partidos aliados."
Partido aliado do PSDB, o PPS já afirmou que vai ingressar com um mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo o afastamento de Cunha da Presidência da Câmara. Integrantes da Rede, partido de Marina Silva, também prometeram ingressar com uma representação semelhante.
Rompimento
Os tucanos romperam com Cunha no início deste mês, por considerarem insatisfatórias as explicações do peemedebista cobre contas que ele manteve na Suíça, suspeitas de terem sido irrigadas com recursos desviados da Petrobras, conforme investigação do Ministério Público Federal.
Na última quinta (19), pela primeira vez desde que assumiu o comando da Câmara, Cunha teve sua atuação questionada em plenário de forma mais dura, com críticas nos microfones e uma debandada de cerca de cem deputados, o que acabou derrubando a sessão que ele presidia por falta de quorum.
Anteriormente, o PSDB vinha dando sustentação a Cunha por acreditar que o deputado levaria adiante o processo de impeachment da presidente da Dilma Rousseff –que vem dando sinais de arrefecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário