• Presidente do PSDB sinaliza que sigla vai passar a ser mais propositivo em sua atuação no Congresso Nacional
Elizabeth Lopes - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - A poucos dias do início da 21ª Conferência do Clima, em Paris, o Instituto Teotônio Vilela (ITV), braço de formulação política do PSDB, realiza, na manhã desta segunda-feira, 23, o seminário "Caminhos para o Brasil - Meio Ambiente e Sustentabilidade". No discurso de abertura, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), virtual candidato à sucessão de Dilma Rousseff, disse que, mesmo sendo de oposição, seu partido não vai deixar de contribuir "de forma vigorosa" para o avanço da legislação que afeta a vida das pessoas, em discussões no Congresso Nacional.
Utilizando a mesma expressão que Dilma usou há algum tempo, o tucano disse ainda que só dessa maneira será possível enxergar a luz no fim do túnel da grave crise que afeta várias áreas do País. "Podem ter certeza que o maior partido de oposição, o PSDB, vai contribuir de forma vigorosa para que, pelo menos, possamos enxergar a luz no fim do túnel".
A declaração de Aécio vai na mesma linha do "puxão de orelhas" que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também virtual candidato do PSDB à sucessão de Dilma, deu, na semana passada, na bancada tucana na Câmara dos Deputados. Alckmin criticou a forma como seu partido votou no Congresso Nacional, pela derrubada do veto presidencial ao reajuste do Judiciário, que criaria despesas adicionais aos cofres públicos de cerca de R$ 36 bilhões. O veto acabou mantido, mas 45 dos 51 deputados do PSDB votaram a favor da derrubada - apenas dois dos tucanos presentes votaram pela manutenção do veto. Na avaliação do governador, seu partido votou errado nessa questão.
A bancada já havia sido criticada por lideranças da sigla como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em outras ocasiões, como no caso do voto pelo fim do fator previdenciário, criado durante o governo tucano.
O mineiro Aécio Neves falou ainda da tragédia que atingiu a cidade de Mariana, dizendo que causa indignação essa tragédia "sem precedentes". O senador, que governou o Estado por sete anos, inclusive no período em que a obra foi aprovada, avaliou que, se o governo tivesse se empenhado na aprovação do Novo Código de Mineração, desastres como este poderiam ser evitados. "(O código) Não avançou por culpa do (atual) governo. Vivemos um presidencialismo monárquico, não se avança nas reformas prioritárias ao País."
Além de Aécio, o evento conta com a participação de FHC, Alckmin, do senador Aloysio Nunes Ferreira, do presidente do ITV, José Aníbal, de especialistas no setor, como José Goldemberg e Luiz Gylvan Meira Filho, do secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Carlos Klink, dentre outros. Em sua fala, o senador aproveitou ainda para criticar a política energética do governo Dilma, classificando de "crime" o desestímulo à produção de etanol pelo que chamou de "populismo tarifário do governo petista".
Para Aécio, candidato derrotado nas eleições presidenciais de outubro do ano passado, além da tragédia ocorrida em Mariana, há uma preocupação em curso por causa da tragédia cotidiana que ocorre nas áreas mineradoras do País, "com problemas sociais de enorme dimensão". Para Aécio, é preciso que as empresas assumam sua responsabilidade e informou que o PSDB está se empenhando no Congresso para que a multas do Ibama sejam encaminhadas diretamente para as famílias atingidas pela tragédia e para a recomposição da economia local. O senador fez questão de dizer que visitou o local imediatamente, num contraponto à presidente Dilma, que só foi à região da tragédia uma semana depois.
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