- Folha de S. Paulo
Lula e o PT, por coerência, deveriam pedir desculpas a Silvio Pereira, o Silvinho "Land Rover", ex-secretário-geral do partido.
Em julho de 2005, pressionado e ameaçado de expulsão, Silvinho saiu do PT abatido pela descoberta de que ganhara um carro de R$ 73,5 mil de presente da GDK, empresa prestadora de serviços da Petrobras. "Cometi um erro. Não me esconderei sob o manto da hipocrisia", disse à época.
A Land Rover surgiu durante as investigações do mensalão. Com a popularidade em queda e temendo ser tragado pelo escândalo, o então presidente tratou de se desvencilhar dos companheiros. Dirceu se demitiu do ministério, Genoino largou a presidência do PT, Delúbio deixou a tesouraria e Silvio foi embora do partido. Em pronunciamento, Lula se disse traído por práticas inaceitáveis. "Foi uma facada nas costas."
O sol de Atibaia, no entanto, serviu para redimensionar o episódio Land Rover. Perto do sítio "disponibilizado" a Lula e dos favores que ao que tudo indica foram oferecidos por um consórcio de empresas para o bem-estar presidencial, o veículo de Silvinho virou um verdadeiro presentinho de criança.
O sítio de 173 mil metros quadrados foi comprado por R$ 1,5 milhão em 2010 por sócios do filho de Lula –um deles atua em diversos setores, do editorial ao imobiliário. A reforma do imóvel, que teria sido paga pela Odebrecht, custou, só em materiais, cerca de R$ 500 mil. A cozinha planejada, que segundo notas fiscais foi paga pela OAS, R$ 130 mil. A antena de celular instalada pela Oi ao lado do sítio, a pedido de um amigo de Lula, é avaliada em R$ 1 milhão.
Nada disso, porém, incomoda o PT. Dilma diz que o antecessor é vítima de "grande injustiça", Rui Falcão afirma que Lula sofre uma "tentativa de linchamento moral" e Gilberto Carvalho considera ser "a coisa mais natural do mundo" empresas contribuírem "com essa ou com aquela pessoa". Silvinho, a bem da verdade, nunca deveria ter saído do PT.
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