quarta-feira, 6 de abril de 2016

Para Aécio, realizar novas eleições neste ano é medida 'criativa e utópica'

Mariana Haubert – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, criticou nesta terça-feira (5) a ideia de se realizar eleições presidenciais neste ano como forma de resolver a crise política no país. Para ele, a iniciativa é "criativa e utópica", não tem qualquer correlação com a realidade porque não está prevista na Constituição e serve apenas para fragilizar a tese doimpeachment.

Para ele, a ideia surge entre os que não querem votar a saída da presidente e tentam, assim, desvirtuar o debate que está colocado.

"O impeachment é o ideal? Não, não é. Mas é o possível, é o emergencial. Por isso estimulamos uma decisão rápida do TSE [Tribunal Superior Eleitoral], mas não coordenamos essa decisão, que pode demorar meses e chegar ao ano que vem. [...] Neste momento, nós que sempre defendemos a tese de eleições gerais a partir de uma decisão do TSE convergimos para o impeachment por uma única razão. A presidente Dilma não tem mais condições de continuar governando o Brasil", afirmou Aécio.

Questionado sobre a possível análise de um processo de impeachment contra o vice-presidente da República Michel Temer, Aécio afirmou que isso ainda não está colocado e quando o for, o partido discutirá a questão.

Aécio também criticou a defesa de Dilma feita nesta segunda (4) pelo advogado-geral da União na comissão especial do impeachment instalada na Câmara dos Deputados.

"Qual a intenção do ministro Cardozo ao dizer que a presidente Dilma não cometeu dolo nas pedaladas fiscais? Ele quis dizer que a presidente da República é incapaz de saber a extensão de seus atos? Na campanha eu cansei de questioná-la sobre a bomba que ia estourar. Dilma sabia sim que estava cometendo crime de responsabilidade", disse o tucano.

Para Aécio, mesmo que Dilma consiga sobreviver ao processo de impeachment, ela continuará sem condições de governar porque não terá apoio suficiente do Congresso.

"A presidente Dilma escancarou o mercado persa no Planalto e prepara sua saída pela porta dos fundos. Mesmo se obtiver os 171 votos, 180 votos ou 200 votos, como pode uma presidente que escancara o Palácio do Planalto para esse comércio de votos e cargos públicos? Com que autoridade essa presidente vai tirar o país dessa crise se ela continuar no cargo?", questionou.

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