quarta-feira, 6 de abril de 2016

Dilma diz que só discute nova eleição se Congresso abrir mão de mandatos

Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em entrevista à imprensa nesta terça-feira (5), a presidente Dilma Rousseff fez uma provocação em relação à proposta do senador Valdir Raupp (PMDB-RO) de realizar novas eleições presidenciais neste ano, o que tem sido defendido também por parlamentares do PSB, PPS e Rede.

A presidente disse nem rechaçar nem aceitar a iniciativa, mas ressaltou que só discutirá o assunto quando tanto a Câmara dos Deputados como o Senado aceitarem também participar de um processo eleitoral antecipado.

"Convence a Câmara e o Senado de abrirem mão de seus mandatos. Aí, vem conversar comigo", disse Dilma.

Ela avaliou ainda como "lamentável" a tentativa de transformar as chamadas "pedaladas fiscais" em motivo para impeachment. Segundo a presidente, esse argumento transforma o processo em uma tentativa de golpe.

Ela lembrou que os veículos de comunicação noticiaram que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o pedido de impeachment no mesmo dia em que a bancada petista decidiu votar favoravelmente relatório que pedia o prosseguimento do processo de cassação do mandato dele.

"As notícias mostraram que era uma retaliação pelo fato de nós não termos dado os votos no Conselho de Ética", disse.

A petista afirmou ainda que é "impossível" governar sem que se tenha no país um pacto pelo diálogo e se não forem respeitadas "as regras do jogo".

"Nenhum governo conseguirá governar o Brasil se não tiver um pacto pelo diálogo e pela estabilidade política e se não forem respeitadas as regras do jogo. Na hora em que se desrespeita a regra do jogo, você desrespeita o próprio jogo democrático", disse.

A presidente criticou as chamadas "pautas-bombas" do Congresso, que aumentam os gastos do governo em meio ao ajuste fiscal. Ela classificou como uma "bomba de hidrogênio" a proposta que muda o cálculo das dívidas estaduais.

"Instabilidade política sistemática é algo extremamente danoso. É público e notório que há um vaso comunicante entre a economia e a política", disse, acrescentando que não há estabilidade econômica sem democracia.

Proposta de senador
A articulação para a realização de novas eleições presidenciais ainda neste ano é encabeçada por um bloco de nove senadores de PSB, PPS e Rede.

Nesta segunda (4), a ideia ganhou apoio de um peemedebista, o senador Valdir Raupp (RO). Segundo ele, sua proposta ainda não envolve a apresentação formal de uma emenda à Constituição.

Ele afirmou que ainda não levou o tema para debate no PMDB. Governadores foram contatados e sinalizaram apoio à estratégia de antecipar o pleito.

Desafio
O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) já se manifestou publicamente sobre a fala da presidente Dilma Rousseff sobre a convocação de novas eleições.

Em vídeo divulgado em redes sociais, o tucano afirmou que aceita encerrar seu mandato de deputado federal e se submeter a "uma nova avaliação popular, com novas eleições", desde que a presidente renuncie.

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