• Senador assume presidência do PMDB no lugar do vice com tarefa de responder a ataques do PT
Cristiane Junglut, Simone Iglesias - O Globo
- BRASÍLIA- Após tornar- se nas últimas semanas alvo constante do PT e do ex- presidente Lula, o vicepresidente Michel Temer passou ontem a presidência do PMDB para o senador Romero Jucá ( RR). Jucá disse que assumiu o comando porque o governo Dilma e o PT estão tentando levar Temer a responder diretamente aos ataques “para participar de uma briga de rua”. Temer se licenciou justamente para deixar a Jucá essa tarefa de enfrentar os ataques.
— A gente identificou que os caras estão tentando desqualificar Temer para um embate do qual ele não pode participar. Não vamos entrar nesse jogo. A tentativa do governo e do PT é puxar Michel para a planície, para participar de uma briga de rua. E ele não fará isso, não é papel dele — disse Jucá.
Reunião no Palácio do Jaburu
A decisão de Temer se licenciar para Jucá assumir foi tomada na noite de segunda- feira, no Palácio do Jaburu, em encontro com seus principais colaboradores, inclusive Jucá.
— Disse ao presidente Michel, como outros companheiros disseram: “Presidente Michel, você não pode ser instado, provocado a descer à planície e entrar em brigas de rua”. Esse era o objetivo: espicaçá-lo, provocá-lo, para gerar desgaste em alguém que pode ser, dependendo do desejo majoritário do Congresso, uma esperança de construção de uma outra conjuntura política para o país — disse Jucá.
O senador terá dois papéis no comando do PMDB: reagir em nome do partido contra os ataques do PT e, internamente, constranger os peemedebistas aliados de Dilma. Ontem mesmo, Jucá fez um discurso de mais de três horas onde criticou Dilma e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB- AL), por ele ter chamado de “precipitada e pouco inteligente” a reunião do PMDB do último dia 29, na qual o partido aprovou, em três minutos, o desembarque do governo.
Sem citar o nome de Renan, Jucá argumentou que 82% do partido queriam e aprovaram o desembarque no último dia 29. No comando da sessão do Senado, Renan cortou o microfone, acionando a campainha várias vezes.
— Alguns levantaram que a decisão seria precipitada ou até pouco inteligente. Pois bem, não acho que a posição foi precipitada, ela veio na hora certa. Não é precipitado tomar uma decisão a favor do povo — disse Jucá, sob o olhar constrangido de Renan. —E a posição foi pouco inteligente para quem? É inteligente cuidarmos da nossa vida e deixarmos o povo ao léu?
Jucá foi líder dos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma. Investigado na Lava- Jato, disse que “não tem rabo preso” e nem tem medo de “briga ou cara feia”. Jucá ainda ironizou as negociações de Dilma para o troca-troca de ministros e respondeu a ataques de Lindbergh Farias (PT- RJ). Ao final, irônico, disse que trará Renan “para o convencimento”.
— O que sairá dessa votação do impeachment? É uma incógnita. Mas, agora, a presidente Dilma vai dar o cheque pré- datado ( aos partidos). Poderá ter “Fora, Michel”. Poderá. Mas já tem “Fora, Dilma”. Michel, se for presidente, terá o ataque de setores de bolivarianos, vai se juntar à Venezuela com o Estado Islâmico — disse ele.
Renan e outros aliados de Dilma no PMDB pediram paciência de Jucá com os divergentes.
— Quero cumprimentá-lo pela posse na presidência do PMDB. Se pudesse chamar a atenção sobre alguma coisa, seria para que Vossa Excelência cumprisse um papel moderador. Que possa unir cada vez mais o PMDB — disse Renan.
— Espero que toda habilidade que sempre teve diante dos seus pares nesta Casa amplie para com todos os peemedebistas. Paciência com os que divergem — acrescentou o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).
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