• Eike destinou, entre 2006 e 2012, R$ 12,6 milhões a políticos e diretórios regionais
Eduardo Bresciani | O Globo
-BRASÍLIA- As doações eleitorais de Eike Batista, que teve a prisão determinada pela Justiça ontem, mostram o trânsito do empresário por diversos partidos. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eike destinou, entre 2006 e 2012, R$ 12,6 milhões a políticos e diretórios regionais de 13 partidos em oito estados. Em depoimento à Lava-Jato em maio, Eike admitiu pagamentos que custearam despesas de campanha do PT. No entanto, disse que todas as demais doações foram “oficiais.” Sua defesa destacou, na ocasião, o caráter “republicano” da contribuição.
As doações ocorreram nas eleições de 2006, 2008, 2010 e 2012. No primeiro ano, Eike doou R$ 1 milhão ao comitê do então presidente Lula e R$ 100 mil para Cristovam Buarque (então no PDT, hoje no PPS). Quatro anos depois, quando já era o homem mais rico do Brasil, ele fez transferências de R$ 1 milhão para os comitês de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) e de R$ 500 mil ao de Marina Silva (então no PV, hoje na Rede).
Eike era ecumênico. Ao longo das quatro eleições, passou recursos para PT, PMDB, PSDB, PP, PSD, PSB, DEM, PR, PDT, PV, PCdoB, PTB e PTC. Os estados dos políticos são Rio, Minas Gerais, Santa Catarina, Maranhão, Ceará, Mato Grosso do Sul e Amapá, além do Distrito Federal. A maior parte das doações (R$ 12,1 milhões) foi feita por Eike como pessoa física. Só em 2012 ele se valeu de uma das empresas, MMX Mineração, para fazer repasses de R$ 500 mil.
Algumas doações foram feitas diretamente aos candidatos. O ex-governador Sérgio Cabral, preso desde novembro e acusado de ter recebido propina de Eike, registrou uma contribuição de R$ 750 mil do empresário para sua campanha à reeleição, em 2010. Em 2006, o PMDB do Rio, que era comandado por Cabral, já havia recebido R$ 400 mil.
Em 2008, Eike repassou recursos de forma direta às campanhas de Eduardo Paes (PMDBRJ), R$ 500 mil, e Fernando Gabeira (PV-RJ), R$ 100 mil. Naquele ano, ele destinou outros R$ 500 mil ao PMDB do Rio, que tinha Paes como candidato.
Em 2012, foram repassados R$ 400 mil pela MMX a diretórios mineiros de PMDB, PSDB, PSD, PSB, DEM, PP, PTB e PTC. O senador cassado Delcídio Amaral (sem partido), delator na LavaJato, foi beneficiário de doações de Eike em 2006 e 2010, total de R$ 900 mil. Também recebeu contribuições diretas o deputado estadual Paulo Melo (PMDBRJ), R$ 100 mil em 2010. Em 2010, o PR fluminense, que tinha Anthony Garotinho à frente, recebeu R$ 200 mil. O PMDB maranhense, de Roseana Sarney, ficou com R$ 500 mil.
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