João Pedro Pitombo / Folha de S. Paulo
SALVADOR - Em campos diametralmente opostos na política nacional, o DEM e o PT devem subir no mesmo palanque em três Estados do Nordeste no próximo ano. A união deve acontecer no Ceará, Paraíba e Maranhão.
As alianças são encaradas pelos partidos como resultado das especificidades locais e não devem refletir no cenário nacional.
Na Paraíba, PT e DEM estarão juntos em apoio ao PSB do governador Ricardo Coutinho. O partido lançará o secretário estadual João Azevêdo (PSB) como candidato ao governo em 2018 e terá apoio de petistas e democratas.
A consolidação da chapa deve gerar o cenário insólito de petistas votando no DEM ou democratas votando no PT na disputa pelo Senado.
O deputado federal Luiz Couto (PT) e o ex-senador Efraim Moraes (DEM) são cotados como pré-candidatos ao cargo e poderão até fazer uma dobradinha em busca dos votos do eleitor paraibano.
Esta será a segunda vez que PT e DEM estarão juntos na Paraíba. Em 2014, os dois apoiaram a reeleição do governador Ricardo Coutinho. Na ocasião, o DEM defendeu voto para o então petista Lucélio Cartaxo na disputa pelo Senado.
"Vai ser hora de esquecer a cor das bandeiras e pensar nos desafios da gestão pública", diz o líder do DEM na Câmara Federal, deputado Efraim Filho (PB).
Petistas e democratas também estarão na mesma aliança pela segunda eleição consecutiva no Maranhão, mas em palanque oposto ao que subiram no pleito de 2014.
Na eleição passada, os dois partidos apoiaram Lobão Filho (PMDB) para o governo contra Flávio Dino (PC do B), que acabou eleito. Quatro anos depois, vão apoiar a reeleição de Dino contra o PMDB, que lançou a ex-governadora Roseana Sarney.
O PT já faz parte da base de Dino, no qual ocupa duas secretarias, e o DEM está com negociações avançadas para integrar o governo.
A aliança coincide com a filiação do ex-governador José Reinaldo, que vai trocar o PSB pelo DEM e é considerado nome forte para uma cadeira no Senado na chapa comunista.
"A tendência é de apoio ao governador. Ele nos disse que não vai radicalizar na eleição presidencial e dará abertura a todos os candidatos de partidos da sua base. Isso nos deixa confortáveis", diz o deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA).
A ideia de Dino é repetir a estratégia de 2014, quando formou uma chapa com PSB e PSDB e recebeu Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) em seu palanque.
Desta vez, o PSDB deve ficar de fora, mas a chapa comunista deve reunir partidos que passeiam por todo o espectro ideológico, do PT ao PEN, futuro abrigo do presidenciável Jair Bolsonaro.
No Ceará, o DEM passou a integrar a base aliada do governador Camilo Santana (PT) desde fevereiro. Na época, o partido justificou o apoio citando medidas do governador como o corte de cargos, a aprovação de um teto de gastos e a privatização de equipamentos públicos.
Mas a boa relação com governador já vinha de antes. Em 2016, o petista apoiou em Fortaleza a reeleição do prefeito Roberto Cláudio (PDT) e ajudou a eleger Moroni Torgan (DEM) como vice-prefeito. No próximo ano, os democratas devem ser recíprocos no apoio ao petista.
Apesar da disposição em apoiar Camilo Santana, uma possível aliança deverá enfrentar resistências da Executiva nacional do partido.
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