Ex-presidente diz a rádio que apresentador pode ajudar a arejar a política
Flávio Freire / O Globo
SÃO PAULO - O PSDB vive mais uma vez um dilema de fundo eleitoral. Geraldo Alckmin tem pavimentado sua candidatura depois de, involuntariamente, usar José Serra e João Doria como degraus de sua escala rumo a 2018. Sem muito esforço, os colegas tucanos o ajudaram a delinear esse movimento. Primeiro, Serra foi acusado de receber propina, segundo investigações da Lava-Jato. Depois, o prefeito de São Paulo perdeu espaço na bolsa de apostas com a tímida performance em pesquisas de popularidade.
Era, aparentemente, tudo o que o tucano precisava para garantir uma ocupação tranquila do posto de presidenciável. Diga-se de passagem, ainda hoje consolidado. Mas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso parece ter assumido uma espécie de voz da consciência da legenda. A ponto de fazer com que ninguém ali esqueça o quanto a política precisa de ares novos. E nomes novos. E, porque não, políticos novos.
Semanas atrás, FH fez questão de lembrar que o apresentador Luciano Huck não havia desistido da vida política. A despeito, inclusive, da entrevista de Huck em rede nacional para afastar rumores de que estaria disposto a tentar a sorte na sucessão de Michel Temer. Fernando Henrique já causou ali um reboliço em ninho tucano.
Ao reforçar a tese de que a "onda azul não pegou", referindo-se à falta de fôlego de seu próprio partido, como disse nesta terça-feira em entrevista a rádio Jovem Pan, o ex-presidente voltou a inflar o nome de Huck. "É bom ter um nome como Luciano para ajudar a arejar a política", disse o cardeal tucano, ainda que afastando qualquer especulação de apoio a esse ou aquele candidato, inclusive ao próprio apresentador.
De qualquer forma, o PSDB já teria em mãos uma pesquisa sobre a viabilidade eleitoral de Huck, que teria comemorado o patamar alcançado na última pesquisa Datafolha, justamente lado a lado com Alckmin, ambos em torno de 8%. A julgar pelo ba-fá-fá provocado pelas "cantadas" do ex-presidente no apresentador, restará a Alckmin encontrar uma saída estratégica. Nem que seja assumir um namoro em que o pai da noiva é que parece interessado nesse eventual casamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário