Por Cristiane Agostine | Valor Econômico
SÃO PAULO - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), reuniu-se ontem em São Paulo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para avaliar as perspectivas de seu partido, o DEM, e do PSDB para a disputa presidencial. Depois do encontro, Maia minimizou a pré-candidatura à Presidência do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), e disse que o DEM deve lançar um nome próprio para o Planalto. O parlamentar, no entanto, defendeu uma aliança entre os dois partidos em São Paulo e sinalizou que poderá apoiar uma eventual candidatura do prefeito da capital, João Doria (PSDB), ao governo do Estado.
O encontro com FHC não estava na agenda oficial do presidente da Câmara em São Paulo. Depois da reunião com o ex-presidente, Maia reuniu-se com Doria e articuladores políticos do DEM e do PSDB na sede da prefeitura paulistana.
O parlamentar afirmou que o cenário para a eleição presidencial está "muito aberto" e que além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, não há mais nenhuma candidatura consolidada. Ao falar especificamente sobre a candidatura Alckmin, Maia afirmou que o governador paulista ainda tem que se viabilizar e construir o seu projeto.
"Estou olhando as pesquisas", disse o presidente da Câmara sobre Alckmin. "Em todos os campos, esquerda, direita, centro, a eleição está aberta. Não vejo ninguém que possa dizer: 'esse pré-candidato é favorito para ir para o segundo turno. Tirando o Lula, não há ninguém com essas condições'", afirmou Maia a jornalistas, em entrevista ao lado de Doria na prefeitura. "Não que Alckmin não possa construi-lo [projeto], mas ele vai ter que construir".
Na pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, o tucano tem 7% das intenções de voto e aparece empatado com Ciro Gomes (PDT), em um cenário onde Lula lidera com 37%, seguido pelo deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), com 16%. Em outro cenário, Alckmin tem 6% e empata com o apresentador Luciano Huck (sem partido), que nega ter a intenção de ser candidato.
O presidente da Câmara reiterou que o plano do DEM não é apoiar Alckmin, mas sim ter candidatura própria e não descartou disputar a Presidência. "O projeto nacional cada um vai construir o seu de forma independente, para que cada um possa atingir seu objetivo", afirmou, descartando a eventual aliança com o PSDB. "Pretendemos construir uma candidatura nacional", disse.
Ao ser questionado se deseja disputar a Presidência, Maia afirmou que "qualquer político" tem essa vontade, mas disse que o DEM vai decidir em março se terá candidato.
O deputado disse que nenhuma das pré-candidaturas lançadas, com exceção de Lula, tem intenção de voto consolidada. "Qualquer um, de qualquer partido, de centro, direita ou esquerda tem condições de construir uma candidatura presidencial".
Maia disse que DEM e PSDB poderão estar juntos nos Estados e citou São Paulo como exemplo de onde essa aliança deve ser mantida. Ao lado de Doria, disse que o acordo em São Paulo é "natural" tanto na capital quanto no Estado. "O DEM não vai fazer nenhum tipo de ligação da eleição nacional com a regional", afirmou. "Ninguém vai consolidar um projeto nacional querendo enquadrar um projeto estadual", disse.
A indicação de apoio ao PSDB esvazia a pré-candidatura do ex-secretário estadual e deputado Rodrigo Garcia, escolhido ontem líder do DEM na Câmara.
Tido como possível candidato ao governo paulista, Doria elogiou o DEM e disse que as duas legendas estão alinhadas "do ponto de vista do pensamento e do sentimento".
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