Está claro que o presidente da Câmara sempre quis aumentar seu cacife político. Será que conseguiu?
Thiago Prado | O Globo
Os últimos episódios da campanha indicam que a pré-candidatura ao Planalto do presidente da Câmara, dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não passou de uma encenação. A data limite de 15 de junho dada por aliados para o assunto ser encerrado é apenas mais um capítulo do enredo que o mundo político sempre soube qual desfecho teria.
Em março, dias antes de o DEM lançar Maia ao Planalto, seu próprio pai jogara uma ducha de água fria no projeto: “Que opção é essa de Presidência? Ele (Rodrigo) tem que ser candidato a deputado federal”, disse Cesar Maia ao jornal “Valor Econômico”. No evento partidário em que assumiu-se pré-candidato, o presidente da Câmara não convenceu ninguém ao incorporar o papel de nome competitivo para a disputa: “A minha candidatura vai decolar. Pode escrever aí. Estarei no segundo turno”, afirmou.
Maia não decolou. Todas as pesquisas eleitorais divulgadas desde então o colocaram com apenas 1% das intenções de voto na corrida pela sucessão de Michel Temer. Nem o calendário de viagens pelo Brasil, iniciado por Catolé do Rocha (PB) — cidade natal de seu avô —, foi capaz de dar algum sopro de popularidade ao deputado.
Maia sempre teve noção das suas limitações em conversas privadas durante o ano passado, quando as especulações presidenciais começaram. A reeleição jamais saiu do horizonte. Tanto é verdade que, em abril, quando Michel Temer deixou o país, Maia tratou de obedecer a legislação eleitoral e fazer o mesmo. Viajou para não ficar impedido de buscar um novo mandato.
O deputado nunca esqueceu as dificuldades para se eleger em 2014, quando alcançou a marca de apenas 53. 167 votos. “Ele está se cacifando com essa candidatura ao Planalto. Vai tirar na hora certa”, apostavam correligionários desde março.
A pergunta que fica: afinal, Rodrigo Maia realmente se cacifou e conseguiu aumentar o seu capital político neste período? Aliados se dividem. Quem acha que “não” aponta Michel Temer e a intervenção no Rio de Janeiro como os maiores responsáveis pela estratégia não ter dado certo.
Estava tudo preparado para Maia brilhar neste primeiro semestre como o grande fiador da aprovação da reforma da Previdência no Congresso. Com a proibição da tramitação de PECs e a perda de relevância da pauta da Câmara, Maia sumiu do noticiário.
Quem acha que valeu a pena lançar-se pré-candidato aponta a criação do bloco DEM, PP, PRB e Solidariedade como a grande vitória do deputado. Os cinco partidos estudam caminhar juntos na disputa presidencial, não importa o candidato, e ainda tentam atrair PTB e PR para o bloco.
A conferir se, no fim das contas, a estratégia de Maia entregará ao DEM o protagonismo que PT, PSDB e PMDB tiveram na política brasileira nas últimas décadas.
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