Pré-candidato ao governo mineiro, tucano dá ‘palanque’ a Alckmin, no 2º colégio eleitoral
Leonardo Augusto | O Estado de S. Paulo
BELO HORIZONTE Depois de sofrer pressão do PSDB nacional, o senador por Minas Gerais, Antonio Anastasia, anunciou ontem sua pré-candidatura ao Palácio Tiradentes – sede do governo do Estado – em um evento sem a participação do senador Aécio Neves (MG).
Antes relutante, Anastasia aceitou disputar mais um mandato no Executivo estadual e vai garantir ao ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, presidente do partido e pré-candidato ao Palácio do Planalto, palanque no segundo maior colégio eleitoral do País.
Anastasia ressaltou que terá o controle da campanha no Estado. “Em primeiro lugar, voltando a lembrar, eu terei a liderança, o comando da campanha, delegado pelos partidos que estão apoiando a minha candidatura”, disse, ao chegar ao ato de lançamento da pré-candidatura, realizada em um hotel na Grande Belo Horizonte.
A declaração é um recado no sentido de que o senador não quer deixar qualquer dúvida sobre a possibilidade de Aécio ter participação no controle da campanha. A partir de 2002, e até 2016, o tucano e sua irmã, Andrea Neves, comandaram todas as articulações do PSDB e aliados nas eleições para o governo e a prefeitura de Belo Horizonte.
Aécio e Andrea são réus no Supremo Tribunal Federal (STF) em processo por corrupção passiva e obstrução da Justiça, acusados de pedir propina de R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista. O senador também é investigado em outras ações no Supremo.
Sem citar os processos enfrentados por Aécio, Anastasia afirmou que o colega de bancada decidirá “a seu tempo e hora”, se será candidato em outubro. “O importante agora é fazer o lançamento da pré-candidatura e continuar conversando com os partidos”.
A pressão do PSDB nacional para que Anastasia seja candidato ao governo de Minas vem desde o início do ano. Em março, durante viagem a Nova Lima – na região metropolitana da capital mineira, para encontro com empresários – Alckmin afirmou que o senador mineiro era “o candidato natural em Minas”.
Ao mesmo tempo, negou ter pedido para que Anastasia disputasse o cargo para não “criar constrangimento” ao colega de partido. À época, o senador negava veementemente que seria candidato.
Além da pressão externa, Anastasia foi cobrado também pelo diretório estadual do partido a assumir a candidatura. Com Aécio Neves fragilizado politicamente, que era um dos principais nomes do partido, o PSDBMG temia perder filiados para outras legendas.
Derrotas. A legenda tucana já vinha de derrotas em Minas. Em 2014, o petista Fernando Pimentel foi eleito governador do Estado. Dois anos depois, Alexandre Kalil, do nanico PHS, venceu a disputa pela prefeitura de Belo Horizonte.
O agora pré-candidato Anastasia foi vice de Aécio na chapa eleita na disputa pelo governo de Minas em 2006. Em 2010, Aécio deixou o cargo para disputar uma vaga no Senado. Anastasia assumiu o Palácio Tiradentes e, no mesmo ano, foi reeleito para o cargo.
Também deixou o posto, em 2014, para a disputa por cadeira no Senado, seguindo os passos de Aécio. Anastasia lançou sua pré-candidatura com discurso pela “reconstrução” de Minas. Segundo ele, o PSDB já tem o apoio de dois partidos, o PSD e o PSC.
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