Por Fernando Taquari | Valor Econômico
SÃO PAULO - A reunião entre o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, e o empresário Josué Gomes (PR), cotado para ser o vice do tucano, terminou de forma frustrante para as pretensões do ex-governador paulista. Os dois almoçaram juntos em São Paulo em um encontro que ainda contou a presença do presidente nacional do PR, o ex-deputado Valdemar da Costa Neto. O empresário agradeceu o convite, elogiou Alckmin, mas afirmou que o tucano deveria procurar outro nome para compor a chapa.
Ao justificar sua posição, Josué disse que não acrescentava nada do ponto de vista eleitoral ao presidenciável do PSDB e que por isso Alckmin podia ficar à vontade para escolher outro político do Centrão. Além disso, argumentou que antes de qualquer decisão precisava consultar sua família. Com isso, o anúncio da chapa pode ficar para depois do dia 26, quando os partidos do bloco partidário, formado por PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade, devem se aliar oficialmente à candidatura do tucano em um evento programado para ocorrer em Brasília.
Valdemar deixou o encontro antes do fim. O sinal de recuo, no entanto, caiu como um balde de água fria, de acordo com um dirigente do PSDB. Os tucanos apostam na parceria com o empresário mineiro, filho do ex-vice-presidente José Alencar (1931-2011), para concretizar de vez a aliança com o Centrão e alavancar a candidatura de Alckmin, que ainda patina nas pesquisas de intenção de voto. Mesmo assim, o ex-governador paulista segue otimista, segundo um interlocutor. Acredita que até a quinta-feira a questão da vice terá um desfecho favorável.
Depois da reunião, dirigentes do bloco partidário foram escalados por Valdemar para convencer Josué a aceitar a missão. O líder do PR na Câmara, deputado federal José Rocha (BA), afirmou que o empresário pode ter optado por postergar o anúncio para não constranger o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), com quem ele deve se encontrar hoje para discutir os cenários para a eleição de 2018. Os petistas também tentam atraí-lo para uma aliança, seja no âmbito nacional ou estadual, e apostam na relação histórica de Josué com as lideranças do PT, como o próprio Pimentel e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que avalizou a filiação do empresário ao PR no início de 2018.
"Valdemar me contou que Josué observou que não acrescenta, eleitoralmente, à chapa do Alckmin e que diante disso o ex-governador deveria ficar tranquilo para buscar um nome que cumprisse esse papel. Lógico que eu e o Valdemar não concordamos com isso. Em nossa avaliação, Josué acrescenta muito", afirmou Rocha.
Na semana passada, diante das sondagens sobre sua escolha como vice, Josué divulgou uma nota do exterior em que sinalizava com a possibilidade de aceitar a empreitada. "Recebi com responsabilidade essa possível indicação. Agradeço a confiança que as lideranças depositam em meu nome", declarou na ocasião.
Um eventual recuo do empresário reabre as discussões sobre o vice de Alckmin. No Centrão já foram cotados no passado os nomes dos ex-ministros Mendonça Filho (DEM-PE) e Aldo Rebelo (SD-SP).
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