Por Vandson Lima e Raphael Di Cunto | Valor Econômico
BRASÍLIA - Encaminhada a aliança com os partidos do Centrão, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, passou a se dedicar a resolver os entraves nos palanques pelos Estados. Há choques entre candidaturas tucanas e de aliados, múltiplos palanques e até locais onde nenhum dos grupos tem uma cabeça de chapa para indicar.
Com a desistência do governador Paulo Hartung (MDB) em concorrer à reeleição no Espírito Santo, Alckmin ligou para o opositor Renato Casagrande (PSB) em busca de um palanque único no Estado, num aceno também à neutralidade do PSB na eleição nacional. A ideia seria agregar à chapa os candidatos ao Senado do PSDB (Ricardo Ferraço) e PR (Magno Malta).
O PSB hoje tende a fechar com Ciro Gomes (PDT). Casagrande transmitiu isso ao presidenciável. "Tenho defendido uma aliança nacional com o PDT. Vou manter essa posição", relatou. "No meu palanque, se a gente conseguir avançar com PDT e PSDB, teremos lideranças nas campanhas de Ciro e de Alckmin", disse. O presidente do PDT no Espírito Santo, deputado Sergio Vidigal, diz que o acordo é que Casagrande pediria votos para Ciro e Ferraço, para o PSDB.
Presidente do PSDB no Rio, o deputado Otávio Leite (RJ) foi convocado por Alckmin para reunião em São Paulo no fim de semana e saiu com a orientação para buscar o melhor palanque: o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM), o deputado Índio da Costa (PSD) ou o senador Romário (Pode). "Faremos o que for melhor para o projeto nacional", diz Leite. Outro possível aliado de Alckmin, o PPS também terá candidato, Rubem César Fernandes, da ONG Viva Rio.
Três casos são considerados de difícil resolução: Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Nos dois primeiros, o DEM concorre contra governadores do PSDB que tentarão a reeleição. O senador Ronaldo Caiado lidera em Goiás e é um inimigo político do ex-governador Marconi Perillo, coordenador da campanha de Alckmin.
No Rio Grande do Sul, DEM e PP, que encabeçam o Centrão, rivalizam com o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB) o posto de oposição ao governador. Uma aliança é descartada porque o candidato do grupo, deputado Luiz Carlos Heinze (PP), faz campanha para Jair Bolsonaro (PSL).
Em Santa Catarina, o Centrão, PSD e o PSDB tentam se unir contra o candidato do governo, mas a tendência, hoje, é a fragmentação: Paulo Bauer (PSDB) confirmará sua candidatura domingo, enquanto o ex-governador Esperidião Amin (PP), o deputado João Paulo Kleinübing (DEM) e o deputado estadual Gelson Merisio (PSD) discutem quem será o cabeça de chapa. Alckmin não se intrometeu nas discussões locais e não há definição sobre seu palanque.
Em Pernambuco, a aliança de PSDB com Armando Monteiro (PTB) ficou estremecida após ele visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Curitiba há uma semana. Tucanos passaram a cogitar candidatura própria ao governo, mas Monteiro lembra que o PTB foi o primeiro a fechar com Alckmin. Sua proximidade com Lula, diz, já era conhecida. "Fui escolhido por circular em várias vertentes, inclusive no lulismo, o que é importante para ganhar em Pernambuco", disse. "Vou batalhar pela manutenção dessa aliança".
Se Alckmin comemorou a aliança com o Centrão, pode ver este sábado um partido com o qual contava, o PV, ficar neutro. A legenda está ameaçada pela cláusula de desempenho e tende a focar as alianças nos Estados em detrimento do projeto nacional. E, regionalmente, interessa mais para alguns diretórios se aliar a Álvaro Dias (Pode), caso do Paraná, a Marina Silva (Rede), que tem o apoio do Distrito Federal e do presidenciável da sigla em 2014, Eduardo Jorge, ou até do PT, no caso dos nordestinos.
Para o secretário-geral do PSDB, deputado Marcus Pestana, as próximas três semanas serão de muito ruído. "O jogo começa só em 15 de agosto, prazo fatal para os registros. Até lá, todo mundo blefa. Inclusive porque estamos há 74 dias da eleição e o quadro não está definido", aponta. (Colaboraram Fabio Murakawa e Fernando Exman)
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