É dever dos eleitos em outubro desobstruir os canais de negociação para a retomada do crescimento
O colapso da moeda da Turquia sinaliza aumento dos riscos de recessão, inflação, iliquidez bancária e falências corporativas naquele país. Acena, também, com riscos de contágio para economias de grau médio de desenvolvimento, que ficaram vulneráveis pela soma dos sucessivos erros na política doméstica com os efeitos da guerra comercial deflagrada pelo governo dos Estados Unidos. E o Brasil, lamentavelmente, se enquadra nessa categoria, pelo lado fiscal.
A crise turca expõe o Brasil no mapa das economias frágeis. Vai completar um quinquênio com recessão, administração pública em falência, amplo desemprego urbano e desalento crescente nas maiores cidades.
O cenário já era crítico, ficou ainda mais turvo com os sinais negativos no horizonte da economia mundial.
Isso faz com que seja premente a necessidade de respostas políticas à crise, que empobrece a população brasileira. Não há melhor momento para se trabalhar na construção de saídas do que o atual, quando se inicia a campanha para as eleições gerais de outubro.
Candidatos ao Executivo e ao Legislativo precisam manter em perspectiva o fato de que a ampla maioria (70%) dos 147,3 milhões de eleitores vive em domicílios onde a renda familiar não ultrapassa três salários mínimos (cerca de R$ 2,8 mil mensais), segundo informa o Datafolha.
O país que vai às urnas é de classe média majoritariamente baixa. Todos a cada dia estão mais expostos às sequelas do agravamento de uma crise legada pela dupla Lula/Dilma, com apoio de lideranças que há muito perderam a bússola do desenvolvimento econômico e do progresso social.
O bom senso sugere união e empenho dos líderes que disputam mandatos para construir uma agenda mínima de reformas básicas e necessárias para reverter a crise e dar ao país a chance de retomar o desenvolvimento. A urgência é imposta pelas circunstâncias de vulnerabilidade do Brasil.
É dever dos eleitos em outubro — presidente, governadores, deputados e senadores —desobstruir desde já os canais de negociação para antecipar votações de reformas (política, previdenciária, tributária e administrativa) e abrir espaço de manobra para os futuros governantes.
Câmara, Senado e Assembleias precisam ser mobilizados durante o período de transição de governos, até janeiro. O presidente Michel Temer e atuais governadores estaduais devem ser convocados à cooperação.
É questão de espírito público, e há precedente de sucesso. Em 2002, por exemplo, o recém-eleito Lula pediu ao então presidente Fernando Henrique Cardoso uma série de medidas econômicas. Foi atendido.
Pela harmonia, aquela transição de governo se tornou exemplar das possibilidades de uma democracia. A saída está na política.
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