Douglas Fernandes /Jornal do Comercio (PE)
Em entrevista ao programa Passando a Limpo, na Rádio Jornal, nesta terça-feira (27), o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) criticou o processo de mudança de nome do seu partido para Movimento (tendência mais forte entre as opções discutidas), que deve ser ainda oficializado no congresso nacional da sigla. O parlamentar pernambucano comparou a mudança a um indivíduo que sofre de “esquizofrenia” e deseja “ser curado mudando de nome”. Ainda para o senador, a opção mais forte é uma boa escolha “para uma academia de ginástica” e “não quer dizer nada” sobre é a legenda.
“Eu acho um erro o meu partido acreditar que ele mudando de nome, muda a maneira de ele ser. É como se uma pessoa que está doente da cabeça, esquizofrênica ou outro problema qualquer, quisesse ser curado mudando de nome. Se muda de nome através de um processo lento de psicanálise, psiquiatria. Nós precisamos fazer psicanálise dos nossos partidos. E o PPS também, meu partido”, afirmou.
As declarações do parlamentar se chocam com a posição do próprio presidente nacional do PPS, Roberto Freire, e do deputado federal Daniel Coelho (PE). Também à Rádio Jornal, Coelho, que preside o partido em Pernambuco, afirmou que a sigla passa por “processo de reposicionamento ideológico, de mudança de nome, de mudança de programa” com um “reposicionamento como um partido liberal, mas também progressista”.
Já Cristovam Buarque deixou claro que não vê da mesma maneira o processo de mudança do PPS, partido a qual se filiou após deixar o PDT, em 2016, e chegou na condição de presidenciável após ter disputado o Palácio do Planalto nas eleições de 2006.
“Nós precisamos saber qual é o conteúdo que a gente quer. Em função do conteúdo, aí a gente arranja o nome. O nome Movimento quer dizer o quê? Esse é um bom nome, sinceramente, para uma academia de ginástica. Eu não vejo por que ter o nome Movimento. Não quer dizer nada. O nome tem que dizer o que é o partido, seu credo, suas propostas. Se a ideia socialista ficou velha, tudo bem, vamos tirar o ‘socialista’ (do nome). Se popular quer dizer perto de populismo – que eu sou radicalmente contra -, tudo bem, então não é PPS. Mas tem que ser adjetivos que indiquem o que o partido é.”, defendeu.
Questionado se poderia deixar o partido, o senador que começou sua trajetória política no PT e foi ministro da Educação no primeiro governo do ex-presidente Lula descartou. “Não tenho mais como sair de partido porque não tem para onde ir. Que partido eu iria?”, disse. O pernambucano foi derrotado na disputa pelas duas vagas para o Senado no Distrito Federal e vai deixar o senado após dois mandatos consecutivos.
Para o ex-ministro, o PPS vai “perder uma grande chance de fundar um partido novo dentro do mesmo”. “Mudar de nome não é sinônimo de fundar. É preciso fundar um partido que adapte aos novos tempos. Todos que estão aí ficaram velhos, inclusive o Novo, que só tem de ‘novo’ o nome e comportamento novo. Mas não basta comportamento para definir um partido”, afirmou.
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